29 dezembro, 2011

Fim de ano econômico em Lisboa

A pedido da Pri Fiorin, para escrever esse post aqui, eu tirei um fim de tarde para fotografar a decoração de Natal de Lisboa e a constatação: se dependesse de iluminação exuberante, o Natal foi bem apagado por aqui... O que não quer dizer que foi triste, vejam bem.


Em meio a notícias sobre a crise, medidas de austeridade, cortes de postos de trabalhos, de serviços, de benefícios e de salários, nada mais coerente do que cortar o que de fato é um desperdício: a iluminação de Natal.

A Câmara de Lisboa não enfeitou os monumentos nem as principais avenidas. Iniciativas que apareceram aqui e ali foram patrocinadas por empresas privadas ou associações de comerciantes/ moradores e mesmo assim com a preocupação de reutilizar materiais como plástico e usar lâmpadas LED, que consomem menos energia.

Passa a mensagem de que mesmo no meio de dificuldades é possível usar a criatividade e celebrar na mesma. Afinal, o mais importante do Natal é estar com aqueles que são especiais para nós, não é?


Repararam? Peças montadas com vários puxa-sacos juntos

Sinceramente, espero que 2012 venha com bons ventos para Portugal e para o mundo. 

23 dezembro, 2011

Dica ecológica: faça você mesmo

Em cimíssima da hora, mas quem nunca deixou pelo menos um presente de Natal para comprar aos 45 do segundo tempo, ne? Mas mesmo que essa dica não sirva para este Natal, será útil num próximo aniversário ou ocasião especial que você queira presentear alguém com algo FEITO POR VOCÊ!

Este ano, meus amigos do mestrado organizaram um jantar sustentável – que também pode ser chamado de econômico ou à moda antiga: cada um preparou um prato, levou a bebida que mais gosta e confeccionou um presente para trocar no amigo secreto.

Como tem gente do mundo inteiro na turma, até uma sopa turca degustamos. Adoro essa troca que viver na Europa porporciona. A hora mais divertida foi, sem dúvida, quando começamos a abrir os presentes e nos deparamos com um show de criatividade.

Marido, ofereceu um molho de pimenta caseiro – receita do padrinho dele. 

Hugo e o molho de pimenta de família
E ganhou um vinagre aromatizado e um azeite caseiro com ervas.

Huuuuummmm!

Reparem nas garrafas: de água e de molho reutilizadas!

Eu montei um kit com um bloquinho de anotações com o verso de impressões antigas, um lápis que tinha ganho num congresso e nunca tinha usado e um marca-texto.

Cloé e o kit anotações

E ganhei uma caneca cheia de bombons.

Hummmm!



Pela festa ainda passaram cachecol feito pela própria pessoa, carteiras feitas com embalagem tetra park e tantas outras coisas. 

No jantar com a turma da natação, um dos meus colegas é suíço e deu ao professor um pacote com biscoitos típicos da cidade dele, feitos por ele. De uma delicadeza sem tamanho. E eu acho que o mais importante nessa história é exatamente isso: o tempo e o carinho que se emprega em preparar algo com as próprias mãos para dar às pessoas queridas.

16 dezembro, 2011

Pronomes de tratamento

No primeiro dia de fisioterapia, eu estava na sala de espera quando a Manoela chamou: “Dona Kelli”. Ao me ver, imediatamente corrigiu: “Ah! É Menina Kelli”.

Pois é! Em Portugal há esse modo peculiar de chamar às mulheres mais novas. O normal, segundo uma amiga explicou, é usá-lo para “raparigas solteiras”. No meu caso, uma senhora casada, já não era para ser tratada por Menina, mas acontece sempre. É isso que dá ter um ar jovial :)

É sério. Eu já tinha sido tratada por Menina em cafés, restaurantes, lojas e na faculdade. Até aí, para mim, isso era um hábito do cotidiano falado. Eis que um dia eu estava reservando uma viagem e no site da companhia aérea tinha as opções: Sr., Sra. e Menina. MENINA, gente. Imaginem a pessoa na fila do check in, com mais de 30 anos nas costas e uma passagem emitida para “Menina”? Hilário.

O interessante é que o inverso não acontece. Os rapazes solteiros nunca são tratados por “Menino”. Informalmente são gajos, assim como as mulheres são raparigas. Gaja não existe. Quer dizer... existir, existe, mas é preciso muuuuuuita intimidade pra tratar uma mulher assim, porque equivale à mulher de quinta categoria.

Aliás, uma informação importante para os brazucas: tratar as pessoas por “moço” ou “moça” é super pejorativo. O garçom pode ter 17 anos, o modo correto de tratá-lo é por senhor.  

Houve uma vez que eu gerei a maior polêmica com os meus colegas do mestrado ao perguntar se havia algum problema em tratar o meu orientador por você. Teve os que levantaram a bandeira da informalidade, mas outros – a maioria, diga-se – defenderam o respeito à hierarquia e tratam os seus orientadores por Sr. Prof. Doutor.

Eu tenho todo respeito pelo meu orientador e pelos demais professores do meu mestrado, mas Senhor-Professor-Doutor é um bocadinho formal demais. Depois dessa discussão eu adotei outra forma de tratar as pessoas muito comum em Portugal: usando a terceira pessoa do verbo. Tipo: “o que o professor acha?” ou “o professor disse...” com ele sentado bem na minha frente. Agora já sai naturalmente, mas no início...

Para terminar esse post gi-gan-te, o modo de se referir às crianças, o mais fofo de todos: putos e miúdas.

14 dezembro, 2011

Manoela, a fisioterapeuta

Se um dia eu escrever um livro sobre Portugal, o nome será algo parecido com Histórias do café. São tantas cenas do cotidiano – e por isso mesmo – interessantes que eu vejo enquanto tomo uma chávena (aka xícara) de café que renderiam boas crônicas.

E por café leia-se: fila do mercado, sala de espera, ponto de ônibus, taxi, aeroporto e qualquer outro lugar onde conseguimos observar as pessoas e os seus comportamentos. 

Hoje, o “café” era a sala de fisioterapia onde estou tratando uma tendinite no joelho. Manoela, minha fisioterapeuta, é angolana e super serelepe. Consegue tratar três pacientes ao mesmo tempo com a maior habilidade.

Entre um assunto e outro, ela lamentou o fato de, neste ano, a clínica ter dado férias coletivas a todos os funcionários no verão. Por conta disso ela não ia ter aquilo que mais gosta no inverno: uma semana de férias em dezembro ou janeiro. E explicou: “é TÃO bom saber que vai estar frio e eu não preciso sair de casa!”.

Tem como não amar? :-)

Hoje foi o meu segundo dia, de um tratamento com 15 sessões. Já estou ansiosa para descobrir o que os próximos encontros com Manoela reservam.

09 dezembro, 2011

Dica ecológica: recicle

Depois que publiquei o post sobre o papel pardo reciclado, lembrei que eu também já usei caixa de cereais “do avesso” para mandar coisas delicadas pelo correio. E o que estava dentro chegou ao destino exatamente como deveria: intacto.

A Sociedade Ponto Verde é uma das empresas que realiza coleta seletiva em Lisboa. Em Portugal, em 2010, 15% de todo o lixo gerado foi recolhido separadamente, segundo a Agência Portuguesa de Ambiente. Para vocês terem uma ideia, no Brasil esse número não chega a 2%, de acordo com o IBGE. #tristeza.

Mas em termos Europeus, o número de Portugal ainda é baixo, então para incentivar a população a reciclar mais, frequentemente a empresa estabelece parceria com ONGs e cria campanhas do tipo: a cada mil toneladas recolhidas, criará uma nova unidade de qualquer coisa. E depois mostra o resultado obtido, para as pessoas saberem que o lixo delas virou algo de bom para alguém.

Você não sabe o que é feito com o plástico ou o vidro que você coloca no lixo reciclável? Esse vídeo te mostra de uma forma bem esclarecedora, super divertida e a partir do ponto de vista dos próprios objetos :)



08 dezembro, 2011

Cenas do cotidiano

Em Lisboa, garçons portugueses que não são rabungentos, são super simpáticos. Alguns se metem até a ser piadistas. Como o que encontramos hoje numa marisqueira.

Minha amiga falou: Eu não vi creme de mariscos no cardápio...

O garçom diz: “Ah, só há às segundas” e começa a rir.

(passam-se uns segundos)

Enfim eu mato a charada: Quando o restaurante encerra (não abre)?

Garçom (sorridente): Pois! Comemos o creme de mariscos em casa.

06 dezembro, 2011

Cadê a árvore?


Subiu pela parede :-)
Nós mudamos de casa no início do ano e o canto para a árvore de Natal ficou lá no outro apartamento. Eu já tinha decidido que não montaria a árvore este ano, aí a Vivianne Pontes publicou esse post.

Era a inspiração que precisa para espalhar o espírito natalino pela casa sem perder espaço.

01 dezembro, 2011

Dica ecológica: reutilize

Na semana passada eu coloquei no correio os primeiros cartões de Natal deste ano. Pois é... se vivendo no Brasil a gente já corre o risco do cartão chegar no carnaval, estando fora o cuidado tem que ser maior, para não perder o timing.

E porque esse assunto entra no tópico de Dicas Ecológicas? Porque eram cartões grandes, fora do tamanho convencional, então tive que providenciar um embrulho, pois não havia envelopes que servissem.

A primeira reação seria correr numa papelaria e comprar um rolo de papel pardo ou similar, certo? Mas dando uma olhada no cantinho da bagunça aqui de casa, eu vi um monte de sacolas de papel esperando para serem usadas “um dia”. Recortei, passei em volta do cartão com o logotipo da loja virado para dentro e ali estava o meu papel pardo reciclado, pronto para andar de avião.

Não é sobre ser pão-duro, é sobre Reduzir, Reutilizar e Reciclar

Ah. E uma dica adicional a essa é: fazer você mesmo o seu cartão de natal ou comprar um cartão ligado a uma causa, como aqueles vendidos pela Unicef.

30 novembro, 2011

Referencial

Uma típica pastelaria portuguesa

Os portugueses não tem fama de padeiros no Brasil por acaso. Por qualquer cidade que a gente passe, sempre há pelo menos uma boa pastelaria, com um grande forte para os doces.

Brasileiros quando se mudam para Portugal estranham um pouco porque há pouquíssima variedade de salgados. Além disso, são servidos frios. Em um ou outro lugar o atendente pergunta se queremos que aqueça, mas isso não é regra.

Pois bem. Entro eu numa pastelaria, procuro por salgados e encontro uns três ou quatro, com cara de assados/ fritos três dias atrás. Pergunto:

- Os salgados que há são só esses?

O senhor responde:

- Sim. São TODOS esses.

Tudo é uma questão de ponto de vista, não é? 

29 novembro, 2011

Quando um preso cruza o seu caminho

Imagine a cena: você está sentada numa sala de espera de uma clínica para fazer um exame. Você nota a presença e o movimento de dois policiais para lá e para cá. Daí ouve a recepcionista perguntar ao telefone se o recluso (um prisioneiro) está pronto para ser buscado.

Você pensa que não ouviu direito e se dirige para a sala de um dos exames. Quando vai trocar de sala vê um homem acompanhado pelo guarda, vestido com um roupão e com algemas nas mãos sendo levado para a mesma sala que você acabou de sair.

Filme? Não.
Hospital público? Também não.

Havia só um médico e só um técnico. Você fica à espera enquanto o prisioneiro é atendido. Estica as pernas, faz xixi e se pergunta: “Mas que raio?”.

Cabem muitas sensações e interpretações no espaço de alguns minutos. E você passa da mais completa indignação para uma inacreditável admiração. O seu primeiro instinto é: “nunca mais volto aqui” para depois ser surpreendida com o próprio pensamento: “Não é incrível? Eu vivo numa sociedade que dá a um prisioneiro o mesmo padrão de atendimento que uma pessoa que pode pagar por tal”. Porque independente do crime que ele cometeu, ter acesso a tratamento de saúde é um direito universal.

Isso te faz lembrar que embora naquele dia em especial você estivesse pagando o valor integral porque se tratava de um exame muito específico – e a autorização do Estado demoraria muito mais do que você estava disposta a esperar –, em outras circunstâncias, naquela mesma clínica, você já tinha sido atendida com a mesma atenção e pagando apenas o valor mínimo cobrado para pacientes subsidiados pelo Sistema Público de Saúde.

Também te faz descobrir preconceitos que você nem sabia que tinha. Porque de tão utópico que parece ser o conceito de “direitos iguais para todos”, você nem imaginava que ele pudesse ser posto em prática justo ao seu lado. Felizmente, entre tantos pensamentos desconexos, você voltou para casa grata por ter presenciado e refletido sobre tudo aquilo e por ver que entre tanta corrupção pelo menos alguma coisa boa é feita com os impostos que você paga. 

Sem mea culpa

Eu disse que publicaria uma nova dica ecológica a cada quinta-feira, mas eis que na semana passada em meio à greve geral e a decisões e compromissos assumidos de última hora, Marido e eu fizemos um bate-volta para Madrid de carro. Estou desculpada? :-)

Nós e a Plaza Mayor versão 2011

Apesar dessa ter sido a quarta vez que estive em Madrid, eu nunca fui para lá para fazer turismo propriamente dito. Nas duas primeiras fui visitar um grande amigo que conheci no Canadá e na última vez foi uma passagem relâmpago, no meio da conexão para Tenerife.

Pela primeira vez no Reina Sofia
Mas de uma forma ou de outra, a verdade é que eu já conheço os principais pontos turísticos, então aproveitei o tempo que sobrou para visitar locais que ainda não conhecia e revisitar os queridinhos. #delicia

24 novembro, 2011

Greve geral

Amanhã, dia 24 de novembro, acontecerá a greve geral em Portugal, exatamente um ano após a manifestação de 2010. Não se fala em outra coisa, como não poderia deixar de ser. E de novo eu me impressiono com a organização, a adesão e a compreensão de [quase] todos.

Ontem, no centro de saúde a atendente me recomendou: “Volte aqui amanhã ou na sexta. Mas olha, na quinta não porque será greve”. Uma amiga foi para a Espanha e adiou a volta para o dia 25 e assim segue, cada um se adaptando ao dia em que tudo vai parar.

Se pelo menos as pessoas soubessem o poder que realmente possuem. Elas enchem as ruas para protestar contra os governantes, mas no dia de ir às urnas – como aqui o voto não é obrigatório – deixam que uma minoria decida por elas. Gritam palavras de ordem contra os Estados Unidos com uma lata de coca-cola numa mão e um iphone na outra. Oi, congruência?

Eu sou muito solidária à causa em questão. Muito mesmo. Mas também sou da opinião de que devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. Se a mudança começa indo às ruas para mostrar a indignação, ótimo, mas todo mundo sabe que não fica por aí. 

17 novembro, 2011

Dica ecológica: reduza

Vocês já repararam que vivemos numa sociedade do consumo? Somos instigados a comprar o tempo todo e quase na mesma velocidade com que adquirimos, jogamos fora. Um dos itens do Guia do Consumidor Consciente, elaborado pelo Akatu, recomenda que antes de compramos qualquer coisa por impulso, nos perguntemos se é realmente necessário. Tarefa difícil, eu bem sei. Mas se a gente parar para analizar, anda rolando um certo exagero sobre tudo.

Reparem: hoje em dia a gente tem um par de tênis para correr, outro para andar na cidade, outro para andar no campo e outro para ir para a academia. Há faca para cortar pão, para passar manteiga, para cortar queijo, para peixes e para não sei mais o quê. Uma amiga do mestrado está fazendo a dissertação sobre o movimento do Decréscimo, que, numa explicação bem simplista, defende a criação de novas políticas econômicas que não foquem apenas no crescimento de produção. 

Como primeiro exemplo para abrir a seção Dicas Ecológicas: as embalagens. Nada mais propício para a época do Natal, não é? A imagem abaixo apareceu aqui no blog em 2009, mas continua atual. Caixas, laços e papéis de presente saem da loja e vão diretamente para o lixo, passando rapidamente pelas mãos de quem dá e de quem recebe.



Já tem alguns anos que eu troquei o papel de presente por jornal, páginas de revistas, caixas reaproveitadas ou o que estiver disponível e a reação de quem recebe é sempre de surpresa pela criatividade e originalidade.

Natal feliz no Brasil em 2009: fácil reconhecer os presentes dados por nós

 Na próxima quinta eu trarei uma nova sugestão. 

16 novembro, 2011

Em sintonia com o planeta

Ontem eu comecei a rascunhar alguns textos com dicas ecológicas. É um projeto antigo que eu ainda não tinha tirado da cabeça, mas me motivei com o clima consumista de Natal que está se aproximando.

A ideia fluiu tão bem enquanto eu escrevia que decidi que será uma seção aqui no blog chamada Dicas ecológicas, que eu sempre atualizarei conforme descobrir algo novo/ interessante, independente das festas de fim de ano.

E eis que hoje uma das primeiras notícias que leio é que a terceira edição do Manual Flávia Ferrari acabou de chegar às bancas de jornal do Brasil. E olha a sintonia com o planeta: uma das chamadas de capa é justamente sobre sustentabilidade, com quatro sugestões de presentes feitos com material reciclável.

E agora, agorinha mesmo, eu li este texto da Giuliana Capello para o Planeta Sustentável que simplesmente resume na perfeição o que me impulsiona a escrever sobre esse assunto. Porque se o mestrado que estou fazendo não servir para mais nada na minha vida, serviu para me deixar mais consciente sobre as minhas escolhas e o impacto que elas podem exercer sobre o planeta.

Nada de presente! Foto: Planeta Sustentável

 Soa pretencioso falando assim, mas se juntarmos a minha luz acesa, com o banho demorado da Fulana, com a pia pingando da Beltrana e muitos outros casos, o planeta acaba. Eu ainda não cheguei ao nível da Giuliana, de deixar de dar presente em datas especiais, mas virei adepta do presente comestível, aquele que a pessoa ganha, gosta, come ou bebe e acaba, não vai parar no fundo do gaveta, nem disputar espaço na prateleira.

Bem... mas por hoje é isso. Amanhã publicarei a primeira dica ecológica.

Apareçam e palpitem!

15 novembro, 2011

Sem tempo para mimimi

Hoje é feriado de Proclamação da República no Brasil. A calmaria no twitter e no facebook mostra que muita gente colocou o pé na estrada desde sexta. Amanhã e quarta, ao contrário, serão os dias que vão chover novas fotos e relatos de como o feriado foi aproveitado. Ou não.

Era o caso de ficar de mimimi, porque em Portugal é dia normal? Eu não acho. Principalmente porque em dezembro há dois feriadões, um no dia 1 pela Restauração da República e outro no dia 8, por causa da Imaculada Conceição.

E sabe o que é melhor disso tudo? É que, como estamos longe das nossas famílias, passamos alheios ao frenezi de fim de ano. Parece a maior Pollyannice, mas é verdade.

Enquanto muitos aproveitam a folga para as últimas compras – naquela loucura que se transformam os centros comerciais –  Marido e eu exploramos a cidade com calma, só observando o corre-corre, pegamos sala de cinema praticamente vazia ou simplesmente ficamos em casa, montamos a árvore de Natal e curtimos o friozinho do inverno na companhia de um bom vinho português.

11 novembro, 2011

Empolgação em pessoa

Meu aniversário foi no mês passado. Completei 32 anos e as comemorações duraram quase uma semana. Teve jantar com amigos especiais na vépera, jantar com os amigos mais próximos de Lisboa e ida ao Bairro Alto no dia e city tour com dois primos do Marido que estavam aqui de férias no fim de semana. Tudo de-li-ci-o-so.

Eu adoro comemorar. Da forma que for e do jeito que der, mas TEM que ser celebrado. E, como diz o título desta postagem, eu sou a empolgação em pessoa. Só de um amigo dizer que vai à minha festa, eu já fico toda feliz. Não preciso de mais nada além da presença dos meus e abraços sinceros.

Se eu ganho algum presente, então, vou à Lua e volto em segundos.

Daí hoje, quase um mês depois do meu aniversário, chegou uma caixa enooorme pelo correio enviada pela minha Maria. Enorme e pesada. Abri mais que depressa e soltava gargalhadas e pulinhos a cada pacote que desembrulhava. Detalhe: sozinha. Imediatamente liguei pro Marido.

Eu: LÚÚÚÚÚÚÚÚ! VEM PRA CASA AGORA.
Ele: Agora?
Eu: É!!!!! AGORA!
Ele: Daqui a pouco eu vou.
Eu: Não! Vem AGORA. VEM VER O PRESENTE QUE A BIA MANDOU!
Ele: Ah!!! Eu já ia perguntar o que tinha nascido no quintal.

Porque quando as tulipas floresceram foi exatamente assim que eu reagi. Igual criança em véspera de Natal. 

Amor in Box 

02 novembro, 2011

Bem-vindo, Outono!

Este ano, se o Outono demorasse só mais um pouquinho para chegar aqui nas bandas de Portugal, ia perder a vez para o Inverno. Mas cá está ele. Dias com um céu azul e aquele vento que corta a pele desprotegida; dias com chuva por horas seguidas, para a alegria das plantas.

Além de cuidar do meu guarda-roupa, guardando vestidos, biquinis, blusinhas de alça e sandálias, para dar lugar a malhas, cachecóis, luvas, botas e casacos; a casa também "troca de roupa".

A colcha de retalhos feita pela Donana vai para o sofá
E no lugar dela, o edredom, bem mais quente


A rede vai descansar longe do quintal...

Assim como as bicicletas, que vão para o canto que as protege da chuva. Porque, como eu li no facebook de um amigo dias atrás...

Foto assim de novo, pedalando de bermuda e camiseta, só para o ano

31 outubro, 2011

Ah, a Itália!

Eu tenho muito a escrever sobre a Itália. Eu poderia começar falando sobre a melhor lasanha que já comi na vida, sobre os mercados ao ar livre, sobre a beleza indescritível de Veneza, sobre a loucura e a grandiosidade que é Roma, sobre a elegância dos italianos ou sobre como eles gesticulam ao mesmo tempo que falam, mas hoje a única coisa sobre a Itália que eu tenho a dizer é: GELATO, o sorvete mais gostoso do mundo.

Não importa a região da Itália que você vá. Também não importa a estação do ano que esteja. Ao chegar em território italiano, a primeira coisa a fazer é tomar um gelato. Vão por mim, se deixarem para o último dia da viagem, o arrependimento será gigantesco, pois vão ficar muitos sabores d-e-l-i-c-i-o-s-o-s por provar.

De manhã, à tarde e à noite porque durante as férias pode ;)

30 outubro, 2011

Trocando o hotel por um apê de temporada


No post anterior eu falei sobre como pode ser difícil escolher um hotel quando não temos nenhuma referência. Hoje o assunto é na mesma linha: hospedagem, só que em apartamentos de temporada.

Se eu já fico encanada sobre a localização e as condições reais na hora de escolher um  hotel, quando o assunto é alugar um apartamento, o frio na barriga aumenta. Até chegar no local combinado e encontrar o proprietário em carne e osso confesso que me pergunto “ene” vezes “e se ele não for?”.

Antes de continuar, deixa eu explicar um detalhe: para reservar um quarto num hotel, fornecemos o número do cartão de crédito como garantia, mas em muitos casos – no Booking, pelo menos – a cobrança só é efetuada quando nos hospedamos de fato (ou se não aparecemos sem dar satisfações).

Com um apartamento a história é diferente... é igual alugar uma casa para passar o reveillon na Praia Grande. O dono não dá a mínima pro seu cartão, o que ele quer é dinheiro vivo. Aqui é igual. Para o proprietário ter a certeza de que nós vamos mesmo aparecer – olha o mesmo medo aí – não basta um email dizendo “reserva aí que eu tô chegando”, nós temos que mandar uma parte do valor da hospedagem por transferência bancária. Daí o meu frio na barriga de chegar e encontrar um terreno baldio no endereço indicado - ainda que eu tenha consultado o street view do google maps antes e me certificado de que o endereço existe.

Veneza: um estúdio pequeno, porém todo planejado e moderninho com varanda e tudo

Marido e eu optamos por alugar apartamento duas vezes este ano, quando fomos a Veneza com os pais dele e a Roma com a minha prima. No dois casos os proprietários foram impecáveis. A moça de Veneza chegou ao ponto de passar mais de uma hora conosco, nos emprestar um dos guias que havia na casa e rabiscar o mapa inteirinho, indicando onde jantar, onde ir, o que fazer, os preços dos barcos, a que horas ir à Piazza San Marco e tudo mais.

O rapaz de Roma, acompanhado pela mãe, nos levou aos dois supermercados mais próximos ao apartamento e, conforme andávamos, ele apontava para os comércios e dizia onde era bom para tomar gelato, o restaurante com a melhor pizza, a padaria que ele preferia e em quais pontos passava os ônibus que iam para quais lugares.

Os dois super queridos e uma coisa importante: as fotos publicadas nos anúncios refletiam exatamente a aparência dos apês.

Eu já disse mais de uma vez aqui no blog que prefiro esse tipo de experiência, para vivenciar o dia-a-dia do local visitado, ao invés de ficar num hotel, mas isso vai de cada um. Diferente de um hotel, a gente que prepara o café da manhã, lava a louça, arruma a própria cama, não há toalhas limpinhas todos os dias e, no dia de ir embora tem que dar uma arrumada na casa, pelo menos varrer e tirar o lixo. Eu não me importo. Adoro fazer um tour pelo supermercado, ver as coisas diferentes que eles comem e ver onde e como é que eles vivem de verdade. 

Roma: decoração mais over, mas com dois quartões e vista para a praça S. Pedro

Além disso, outro ponto positivo para alugar uma casa é o custo. Em Veneza, por exemplo, o preço que pagamos na diária da casa era igual à diária de um quarto de casal num hotel. Em Roma não foi muito diferente. Sem contar o fato de, viajando em família, estarmos mais próximos, num ambiente mais descontraído e informal que um hotel.

Nos dois casos, o site que usei para buscar as casas foi o Homelidays.

29 outubro, 2011

A difícil tarefa de escolher um hotel

Quando eu vou para um lugar totalmente novo e sem nenhuma pessoa que vive lá como referência, uma das minhas maiores preocupações é se o local onde ficarei hospedada é bem localizado. O principal motivo para encanar com isso é o medo de perder um tempão em deslocações até as atrações turísticas, sem contar que não tem furada maior do que ficar num local totalmente isolado.

Mas como escolher um hotel entre as inúmeras opções que há sem ficar com receio? Eu tenho dois aliados: o google maps e os comentários que os clientes deixam nos fóruns de sites como o Booking e o Trip Advisor. O mapa me “diz” quais os transportes mais próximos, sem contar que já dá para calcular as distâncias até o centro, o aeroporto e onde mais eu queira.

Os comentários são mais para ter uma referência. Por exemplo, às vezes o hotel está num local incrível, com o preço certo pro bolso, nas fotos ele parece bacana, mas nas críticas uma série de reclamações sobre cobrança de taxas a mais, falta de limpeza, barulho ou de funcionários mal educados nos faz pensar duas vezes.

Ou o contrário: só críticas positivas que dão mais confiança para bater o martelo. Ainda assim, não é certeza de que tudo serão flores, afinal os comentários refletem a impressão pessoal de cada cliente, que pode usar critérios completamente diferentes dos meus para avaliar os mesmos serviços.

Além disso, outra coisa para prestar atenção é na forma como os estabelecimentos se descrevem. Com o tempo, peguei uma certa prática em identificar eufemismos. Um quarto “aconchegante” pode significar “bem pequeno” e “ambiente familiar” às vezes é usado como sinônimo de “colônia de férias” do sindicato dos comerciantes, onde você vai encontrar a família completa, com cachorro e crianças correndo para lá e para cá. 

Um clássico é “localizado em uma região tranquila” que quer dizer que o hotel fica no meio do nada. Sabe quando você dorme além da conta e quando acorda todo o comércio já está fechado? Marido e eu passamos por isso em Budapeste.

Marinheiros de primeira viagem que éramos em 2009, escolhemos um hotel numa capital europeia buscando as características que nos encantavam em pousadas brasileiras. #fail total. Com essa experiência, aprendemos que quanto mais central, melhor. É garantia de caixa eletrônico nas redondezas e pelo menos um mercadinho, ainda que de indianos ou chineses, para enganar a fome.

O único risco com esse “central” é pararmos no meio do que seja equivalente ao Bairro Alto, à Lapa, à Vila Madalena ou [insira o nome do bairro mais agitado da sua cidade].  Daí é torcer para que o isolamento das janelas funcione. Além, é claro, que o banheiro seja digno e a cama daquelas que nos abrace.

24 outubro, 2011

E se... ?

Sempre comentam que eu e Marido viajamos muito. Eu nem acho que é tanto assim, mas deixa pra lá. A questão é: qual seria a vantagem de viver na Europa e não aproveitar essa mobilidade e acesso que ela oferece?

Nenhuma.

E no Brasil poderia ser igual. Como poderia... !

... se houvesse vôos baratos como há por aqui
... se tivesse linhas ferroviárias que atravessassem o país inteiro
... se as estradas fossem realmente boas
... se as cidades oferecessem infra-estrutura para receber turistas
... se permitisse que eles se locomovessem para onde quisessem, mesmo sem saber uma palavra de português
... se junto com a infra-estrutura o turista tivesse segurança para se aventurar...

Eu sei, são muitos “ses”. Mas SE fosse verdade, seria tão bom.

23 outubro, 2011

Seguir o exemplo

A espontaneidade das crianças é algo que encanta qualquer adulto, sem contar que às vezes deixa muita gente grande sem reação.

Pode ser #tpmfeelings, mas confesso que me emocionei com o vídeo abaixo. Num mundo cada vez mais com os valores invertidos, precisamos buscar na inocência da infância a essência de ser realmente humano.

08 outubro, 2011

Ownnn

Já pensou passar a lua de mel em Portugal e na França? Olha como pode ser lindo:

26 setembro, 2011

Sumi...

Tá aqui o motivo ó:
Cosme & Damião
Visita ilustre em Lisboa. Não sabe quem está ao meu lado na foto?
É a minha irmã gêmea ;)

16 setembro, 2011

Curso de línguas

No post anterior eu coloquei uma pequena citação de um livro em espanhol que estou lendo, daí me lembrei que nunca contei como eu aprendi espanhol. Senta que lá vem história...

Nunca tive uma aula de espanhol sequer, mas desde que me mudei para Portugal, já fui à Espanha nove vezes, em três anos e meio. Se eu não errei nas contas, foram uns 60 dias de imersão, comendo tapas, bebendo tintos de verano, sangrias e acostumando o ouvido ao idioma.

Um típico boteco de tapas em Barcelona
Na primeira viagem, o meu vocabulário se resumia a: “hola, que tal?”, “gracias” e “un tinto de verano, por favor”, o resto era tudo portunhol da pior qualidade. A cada nova visita, sempre acompanhada por amigos locais, novas palavras para o meu acervo pessoal.

noite de tapas com locais em Madrid
Daí este ano descobri que no iTunes há uma infinidade de podcasts disponíveis para download, muitos deles de graça, sobre os mais variados temas, inclusive cursos de línguas online. Bem, do princípio: podcast é como se fosse um programa de rádio, sobre um tema específico, só que publicado na internet. Você vai ao site, faz o download, coloca no seu MP3 player ou escuta no seu computador mesmo.

Eu baixei o Coffee Break Spanish e, ao acompanhar as aulas, tive uma feliz constatação: meu nível de percepção está bem mais avançado do que eu imaginava, tanto que depois que voltamos do Sul da Espanha no mês passado, comecei a ler o tal livro e está fluindo lindamente.

Para terminar, só um parênteses: eu, brasileira, vivendo em Portugal, usei o iTunes, um programa de uma empresa americana, para descarregar um curso de espanhol dado por um escocês (!). O que é a globalização, não é mesmo?

15 setembro, 2011

Como as coisas são...

Eu tinha separado essa foto para ser publicada no dia 5 de Agosto, com o título “pé na estrada”, porque era exatamente para o local onde ela foi tirada em 2010 que eu estava indo passar dez revigorantes dias com Marido e amigos muito, muito amados.

Por razões tecnológicas fora do meu controle, o post ficou na pasta de rascunhos do blogger até hoje. Justamente o dia que escolhi uma frase de um livro comprado nessa mesma viagem para compartilhar com vocês. Felizes coincidências =)

A frase, traduzida livremente por mim do espanhol para português:

“Aprendam! O produto dos erros e dos equívocos, o produto da confusão, por mais incrível que pareça, deveria ser conhecimento, não medo.”

Omar Ali Shah, “Amor, humor, enseñanza” - 2ª edição. Editorial Sufi, Madrid, 2010.

07 setembro, 2011

Just me

Sabem aqueles textos que se encaixam perfeitamente com a gente? Que parece que o autor estava pensando em você no momento que escreveu? Pois então, é o que sinto cada vez que leio esse trecho da Marta Medeiros: 

"Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Sentem-se em casa em qualquer lugar. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor e compram passagens só de ida."

Tirando o fato de o tempo às vezes me assustar, sim, e eu ter minhas frescuras para certas coisas, todo o resto se encaixa como uma luva na minha vida. Vejamos... muitos dos meus melhores amigos são o meu completo oposto, aceito convite até para inauguração de árvore de Natal, descobri essa semana que não tenho um restaurante preferido em Lisboa pelo simples fato de gostar de conhecer lugares novos o tempo todo, uma das conversas recorrentes que tenho com Marido é sobre qual país viveremos nos próximos anos, tremi, mas já subi num palco e por aí vai.

Um monte de pequenas escolhas e ações que, juntas, dão nessa cidadã do mundo com rodinhas nos pés que eu me tornei.  

18 agosto, 2011

...

Queria conseguir expressar tudo o que ando sentindo e tudo o que tem acontecido, mas aí penso, penso, penso e só consigo concluir que a vida é muito boa e eu sou muito, muito grata.


Amém.

28 julho, 2011

Ai, o verão

Quando vivia no Brasil, eu sempre morei em São Paulo, então nunca soube como era a sensação do carioca ou do baiano, que depois de um dia de trabalho vai beber qualquer coisa na praia.

Agora, vivendo em Lisboa, além de praia super perto - a 30 minutos - o sol fica soberano no céu até quase dez da noite. Vocês não imaginam o quanto isso é excitante. Motiva. É como se o verão pedisse para ser aproveitado até o último minuto.

Quarta-feira: depois do trabalho, praia!

25 julho, 2011

Fragmentos



Do fim de expediente da última sexta-feira
De uma tarde de verão lisboeta, com sol, céu azul e vento
Do rio Tejo, com a Torre de Belém e o Padrão do Descobrimento às suas margens
Da ponte 25 de Abril
Das pessoas que vão passear por ali
Dos turistas registrando o momento
Do Alberto Caeiro
Da Amy Winehouse
Dos pescadores
E de mim com os meus patins :-)

O vídeo (inspirado nesse aqui ó) está meio tosco, eu sei, mas é o primeiro que faço com edição e tal então espero que gostem :)

16 julho, 2011

O poder do marketing

No fim de semana passado aconteceu a Festa do Pão em Mafra, uma cidade que fica a 30 Km de Lisboa e onde tem um palácio gigante, que também já foi hospital. Como o pão é um dos itens gastronômicos que o português mais se orgulha e “festas do pão” acontecem por todo o lado no país, a Câmara Municipal de Mafra resolveu promover em paralelo um “passeio pedestre” pela Tapada de Mafra – uma mata que circunda o palácio, onde os reis costumavam caçar. 

Lá fomos Marido e eu com um casal de amigos para a tal trilha de 10,6 Km. Nós e outras 300 (!) pessoas. O sábado amanheceu nublado e quando chegamos no ponto de partida do passeio começou a garoar. Já tínhamos levantado às 7h da manhã mesmo, então deixamos rolar. Pouco tempo depois o céu abriu e começou a fazer sol. 


Olha, eu sei que é verão, mas tirar tanta gente da cama cedo, num dia com o céu pouco convidativo e fazê-las pagar cinco euros para fazer uma trilha não é pra qualquer um não. A Câmara de Mafra mandou muito bem na ação de marketing. Eu já fui em caminhadas do mesmo gênero no verão passado que não juntaram 20 participantes.

O tempo todo fomos acompanhados por guias locais que iam à frente e no final do grupo, para evitar que alguém se perdesse. Além disso, no meio do percurso nos ofereceram um piquenique, com sucos, frutas, água e dava direito a um pão de Mafra com chouriço quentinho – acabadinho de sair, como dizem os tugas. No final da caminhada, ele caiu como uma luva. Soube muito bem, como eles falam.

O caminho [ainda] não está sinalizado com aquelas marcações universais de trilhas, mas com o mapa da cidade que é fornecido no posto de informações turísticas dá para dar umas voltinhas pelo parque, visitar o palácio e – o principal – provar o famoso pão de Mafra e os doces típicos de lá. 

Nunca um pão com chouriço me custou tanto...

15 julho, 2011

Prazeres e desprazeres de ser imigrante

2011 é ano de renovar o visto para continuar vivendo legalmente em Portugal. E se tem uma coisa chata de se viver fora do Brasil é lidar com toda a burocracia que isso envolve. Papéis e mais papéis para provar que você é uma pessoa do bem, paga suas contas em dia, não está aqui para matar ninguém e, o que algumas pessoas simplesmente não entendem: está fora do seu país por ESCOLHA, não vive de favor em outro país, pelo contrário, é o seu trabalho – e os impostos que você paga – que contribui para a economia dele continuar girando.

Ser imigrante é uma chatice nessa hora. Porque os imigrantes são colocados todos no mesmo saco, não importa o passado, a formação, a índole, nada. Você é imigrante? Então siga para aquele balcão. Ponto.

Mas daí que ser imigrante nos faz lidar com situações impensadas que chegam a ser engraçadas, de tão fora do nosso senso-comum. Por exemplo: no início do ano, Marido e eu mudamos de apartamento. E um dos papéis que precisamos levar ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (aka imigração) é um “atestado de morada” fornecido pela Junta de Freguesia, que é uma espécie de mini prefeitura do meu bairro, com presidente eleito pelos moradores e tudo.

As duas casas – antiga e atual – ficam a apenas dois quilômetros de distância, mas em Juntas de Freguesia diferentes. Detalhe: as Juntas são entidades autônomas, ou seja, cada uma tem o seu próprio procedimento para fornecer os mesmos documentos. Contextualização feita, continuemos.

Há dois anos atrás, eu solicitei o tal atestado na Junta antiga. Levei uma conta de luz e pronto. Dois dias depois o atestado estava pronto. Fui à Freguesia nova com meus  documentos e a conta de luz mais recente e a senhora disse que ali o procedimento era outro.

Para provar que eu vivo onde eu vivo, não adiantava nem a conta do banco, eu tinha que levar para ela uma folha assinada por dois comerciantes do meu bairro dizendo “Sim. Sim. A menina Kelli e o Sr. Engenheiro Luis vivem cá. Eu os vejo todos os dias”.

É por essa e por outras que viver fora é uma experiência que vale muito à pena. Em pleno ano de 2011, século XXI, a gente ainda encontra lugares onde a palavra do jornaleiro e do dono do café da esquina vale mais que a conta de luz paga em dia.

E o que importa: visto renovado nas mãos para mais dois anos de Europa :)

11 julho, 2011

Skype é vida

Eu não canso de dizer o quanto adoro as coisas boas que a internet proporciona. É totalmente verdade. Certamente eu já teria morrido de saudade ou talvez já teria voltado para o Brasil se não existissem programas como Skype, MSN, Gtalk e afins, que ajudam a diminuir distâncias.

Sim, há as cartas - que eu adoro enviar e receber - e o telefone, mas no mundo moderno em que vivemos, NADA se compara a participar da festa de aniversário da amiga, em tempo real, podendo ver, conversar, cantar, dançar, beber e tirar fotos com os melhores amigos.
Foto do dia. Quiçá da semana, ou melhor, do MÊS!

10 julho, 2011

Água da torneira SIM!

De tão habituada que já estou a beber água da torneira desde que me mudei para Lisboa, quando eventualmente compro água mineral engarrafada, acho que tem gosto esquisito. 

É engraçado como o nosso referencial muda. Hoje em dia acho estranho quando vou a um restaurante ou a um café onde não me é dada a opção de beber água da torneira. Tanto em Portugal quanto em grande parte da Europa, a água é tratada e própria para o consumo.

Hoje descobri que há um projeto em São Paulo para que restaurantes passem a servir Água na Jarra. Simplesmente sensacional. É econômico para o estabelecimento, para o cliente e, principalmente para o meio ambiente.

Deixo vocês com um vídeo que esclarece bem a questão do mercado da água mineral. Talvez depois de assisti-lo vocês decidam substituir o galão de água de cinco litros por aquele modelo mais retrô: o filtro de barro! Ou um modelo mais moderno de purificador. Aposto que opções não faltam e a natureza agradece.


07 julho, 2011

Outro antes e depois: o quintal

Me empolguei com essa história de antes de depois! 

Acontece que olhando para as fotos da mesa do jardim para a última publicação me dei conta do quanto o quintal do apê já está diferente, desde que mudei de casa. Ele ainda está bem longe de como tenho a intenção de deixá-lo, mas resolvi compartilhar mesmo assim, porque só algumas plantas já fizeram uma diferença gigante. Olhem só.


No dia que mudamos, todo blé...

Com plantas e amigos felizes qualquer astral fica melhor :)

03 julho, 2011

Mesa do jardim: antes e depois

Acho que eu nunca contei... quando as pessoas trocam os móveis da casa, é super comum por aqui elas colocarem na porta do prédio, para outras que queiram ou precisem pegar. A gente vê sofás, aparelhos elétricos, colchões, pedaços de móveis, roupas, livros e por aí vai. Tudo o que não serve mais vai para a rua. Essa prática não é exclusiva de Portugal, rola na Europa toda. Eu conheço pessoas que montaram a casa inteira só com coisas do “lixo”.

Algumas semanas antes de mudar de apartamento, um vizinho colocou uma mesa de jardim para fora. Ela estava bem detonadinha, com um pé quebrado, mas mesmo assim quando eu a vi alucinei porque na casa nova tem quintal.

Lá fomos Marido e eu desmontar a mesa inteira para faze-la caber no carro. Em pleno mês de janeiro, no auge do inverno. Delícia. Ela ficou encostada no quintal por uns dois meses.

 
Até que um belo dia ia ter uma almoço aqui em casa e tinha chegado a hora de criar coragem para  montá-la. Marido deu umas marteladas na perna manca e ficamos uns tempos usando-a do jeito que estava, com a madeira envelhecida e suja. 

Se concentrem na madeira ;)

Daí, num dos primeiros dias de sol e céu azul da primavera, compramos lixas, óleo e demos aquele trato na mesa. Eu nunca ia imaginar que essa dupla fizesse um milagre tão grande. Vejam a transformação.

Primeiro passo: lixar. Metade feita e metade por fazer
Segundo passo: polir. Passamos duas camadas de óleo de teca em spray

E já está! Detalhe para o caminho de mesa by Donana
 
Uma amiga nos disse que ficamos com uma agradável sala de jantar de verão. Eu concordei :-)

01 julho, 2011

29 junho, 2011

Onde está a noção?

Meses atrás, uma tia veio nos visitar em Lisboa e me deu várias revistas brasileiras, tinha edições de Época, Veja e Cláudia. Dia desses estava lendo a Cláudia e fiquei impressionada com as sugestões de compras indicadas lá. Não havia nada por menos de 100 reais. Quando custava 80 era uma camisetinha bem simples ou algum acessório pequeno. Ao passo que vivendo aqui em Portugal eu tive o prazer de conhecer os saldos, que nos permite comprar vestido da Pierre Cardin por 20 euros, blusinhas da Zara por cinco e muitas outras coisas de qualidade por preços acessíveis.

Daí eu comecei a associar com vários textos que li sobre o quanto o Brasil anda caro, sobretudo São Paulo. A Super Interessante publicou tempos atrás uma matéria sobre porque tudo custa mais caro no Brasil (leia aqui). A Adriana Setti já relatou a experiência dela quando esteve de férias na terrinha (leia aqui) e tem esse outro texto, da Lucy, que além dos preços altos também fala sobre um determinado bairro de São Paulo, povoado por gente que acha chique andar de metrô em Paris – um dos mais fedidos e mais velhos do mundo –, mas boicota a criação de uma nova estação em São Paulo, porque vai atrair gente diferenciada para perto de suas casas.

Na minha última viagem ao Brasil, em 2010, fiquei impressionada com o preço das coisas. Quaisquer dois salgados e duas bebidas em qualquer lugar que Marido e eu fôssemos custava pelo menos 20 reais. Por duas coxinhas e dois sucos naturais, gente. Muitas coisas, mesmo convertendo para euro estavam um absurdo de caro.

Não é à toa que amigos quando vem para Europa perdem o respeito pelo cartão de crédito. A minha irmã mesmo, que está bem longe de ser uma consumista, fez a festa em lojas de produtos de beleza. Ela convertia e se divertia.

A gota d’água de todo esse raciocínio veio com os anúncios de que o Cirque du Soleil vai se apresentar em Lisboa e em São Paulo. O detalhe é que os preços dos ingressos são incrivelmente mais caros no Brasil. Enquanto em Lisboa, os preços vão de 35 a 65 euros, no Brasil vão de 140 a 360 reais (sem contar a área VIP, que aí eleva o valor para quase R$ 600). Convertendo, o lugar mais caro aqui equivale ao mais barato de todos em São Paulo. Eu já tinha feito exatamente a mesma comparação em 2008 aqui no blog.

Para vocês terem uma ideia de como aqui não há uma alucinação por tudo o que vem de fora, em 2009, o show deles foi montado num lugar onde só chegava de carro – enquanto nos anos anteriores e posteriores o acesso era de metrô. O resultado foi uma venda tão, mas tão baixa, que uma semana depois da estreia, os ingressos começaram a ser vendidos pela metade do preço, para atrair público.

O mais curioso, para mim, é que no Brasil os ingressos ainda estão na pré-venda e já tem setores esgotados ao passo que aqui, se eu resolver comprar a entrada horas antes do espetáculo, nem pego fila. Bizarro, não é?

Eu só me pergunto: como pode? E a conclusão não pode ser mais triste: enquanto houver quem pague, não haverá razão para tornar o preço dos ingressos mais justo.

28 junho, 2011

Clarice é que sabia das coisas


Imagem tirada do site da Universia, que selecionou 30 frases da escritora Clarice Lispector e criou uma galeria de imagens linda, linda. Vá lá e confira. Fica sendo o meu desejo de que a semana comece bem para vocês também ;-)

20 junho, 2011

Frase

Eu tinha que ter lido essa frase no fim de semana, quando estava surtando com coisas que estão fora do meu controle, no auge da TPM feelings. Enfim, ela só chegou até mim hoje, mas ainda cabe como uma luva:
"Adote o ritmo da natureza. O segredo dela é a paciência"  - Ralph Waldo Emerson
Boa semana para todo mundo.

16 junho, 2011

Fragmentos de um feriado bom

Dia 10 de junho foi o Dia de Portugal e dia 13 o dia de Santo Antônio, o padroeiro de Lisboa. Em outras palavras: a cidade esteve em festa por quatro dias seguidos. Até São Pedro colaborou e reservou dias lindos, com sol e calor para todos que estavam nas redondezas: portugueses, imigrantes ou turistas. 


Como não poderia deixar de ser, fui a um arraial, comi sardinha e bebi vinho da casa servido em jarra de barro. Tudo em mesas arranjadas no meio das vielas de Alfama, o bairro mais antigo de Lisboa. Porque na época dos Santos Populares as ruas são de todos e ganham vida com enfeites coloridos, músicas típicas e pessoas animadas.

Eu só me pergunto como os portugueses conseguem guardar tanta alegria o ano inteiro e só se deixarem envolver por ela apenas um dia por ano.


Também visitei amigos antigos, recebi visitas e conheci pessoas novas. Tudo em clima de “já é verão”. Parece muito para o espaço de quatro dias, mas é daquelas coisas possíveis quando o sol nasce às cinco da manhã e só se põe depois das nove da noite. E eu a-do-ro.

08 junho, 2011

Sintomas de verão

Trocar aquele casacão 7/8 por um casaquinho vindo do Brasil
Trocar as botas por sapatilhas
E conseguir usá-las sem meia-calça
Substituir o edredom pela colcha de retalho feita pela Donana
Dormir sem meias
Os dias começam a ficar mais compridos
Colocar roupa lavada no varal e ela secar em três horas
(no inverno elas levam três dias)
Precisar diminuir a temperatura da água do chuveiro
Cartazes de festivais musicais imperam nos outdoors da cidade
Os cafés voltam a colocar cadeiras nas calçadas
Ir à praia, com roupas de praia
Várias atividades ao ar livre todos os fins de semana
Promovidas por todas as entidades do mundo e para todo o tipo de gente

E por aí vai.

Eu adoro o verão e consigo gostar ainda mais agora que vivo no Hemisfério Norte. Ainda que em Portugal ele comece um pouco antes e termine um tanto depois que no restante da Europa, o fato dele ter data certa para acabar motiva a aproveitá-lo ao máximo.  

Meu único “senão” com relação à estação é que muitas coisas legais acontecem ao mesmo tempo e eu não consigo ir a todas :-)

04 junho, 2011

Por um consumo mais consciente

Esta é a semana do meio ambiente e está pipocando ações em todos os lados sobre a importância de economizar água, proteger a natureza e promover um tal de consumo consciente. Daí eu lembrei que faz um tempãããão que estou para escrever sobre o impacto que esse vídeo do Instituto Akatu teve aqui em casa. 


Tanto Marido quanto eu somos donos de casa de primeira viagem. Nos primeiros meses de casados, desperdício de comida foi inevitável. Levou um certo tempo até descobrirmos a quantidade certa de frutas e saladas para comprar, sem ter que jogar nada fora.

Depois que assistimos a esse vídeo, decidimos acabar com tudo o que havia no armário e congelador antes de comprar coisas novas. Aquele pacote de massa de lazanha que só foi usado uma vez, a lata de chocolate em pó quase vencendo, a farinha de trigo que só tinha sido usada para um bolo, aquele salgadinho de milho que não era gostoso e foi para o fundo do armário e por aí vai. É claro que a regra não foi aplicada para coisas frescas como leite, pão, verduras, legumes e frutas. Isso continuamos comprando semanalmente, em quantidade menor.

No começo até que foi fácil, porque realmente tínhamos muitas coisas que compramos para o caso de usar um dia, mas conforme as semanas passaram, tínhamos que ser cada vez mais criativos. O resultado foi que depois de um mês e pouco o nosso armário ficou vazio e desde então só compramos o que realmente vamos consumir num espaço curto de tempo.

Com a visita dos sogros, no mês passado, os nossos armários e geladeira não ficaram cheios, ficaram abarrotados. O passeio que eles mais fizeram em Lisboa foi ir ao mercado, todos os dias. Quando encontravam um novo, entravam nesse também e, claro, se empolgavam com todas as coisas diferentes que não há no Brasil. Marido e eu tivemos que dizer com todas as letras que aqui em casa nada se joga fora para eles pisarem um pouco no freio. Resultou só um pouco.

Chegava a ser engraçado, porque afinal eles só queriam experimentar coisas novas e nos mimar ao mesmo tempo, mas o consumo consciente passou longe. Pelo menos eles aprenderam a levar a sacolinha de pano para as compras e também fizeram um curso intensivo de reciclagem.  Esse último, outro programa que eles fizeram quase todos os dias: separar papel, vidro ou embalagens (plástico e metal) e levar para o ecoponto, trazendo o saco de volta para ser reaproveitado.

Eu achei super fofo o esforço deles para se adequarem ao nosso estilo de vida. Se eles vão continuar fazendo agora que voltaram para casa, eu não sei, mas já plantamos a semente. Uma coisa é certa: cada vez que eles forem ao mercado lá no Brasil nos próximos meses vão se lembrar de nós dizendo para comprar só o necessário, da mesma forma que nos lembramos deles aqui, cada vez que preparamos uma comida que foi comprada por eles.