29 abril, 2010

Dois anos e um mês

Marido e eu temos duas datas de casamento – a do civil e a da festa – e fazemos questão de celebrar as duas. Desde o primeiro aniversário combinamos que nessa altura vamos rever o DVD da nossa festa e renovar nossos votos um para o outro.
Pode parecer besteira à primeira vista, mas se tem algo que descobri logo nos primeiros meses morando junto foi que casamento é um exercício diário. Não é porque namoramos cinco anos que temos total afinidade, pelo contrário. E não é porque casamos, que já está definido que será para sempre.
Durante o namoro a gente só mostra – ou o outro só vê – aquilo que é mais encantador. Já no casamento, a gente vai acordar despenteada com o outro ao lado, vai encontrá-lo mesmo no dia que está mal disposta, vai ter que dividir a televisão na hora da novela. Daí se não tomamos cuidado, aquelas briguinhas do dia-a-dia por quem vai apagar a luz ou de quem é a vez de lavar a louça ganham proporções tão grandes que colocam o motivo que nos levou a dizer “sim” na frente de todos os amigos e familiares numa caixinha num canto qualquer do sótão.
Por isso que eu acho importante celebrar, relembrar e renovar sim. De preferência um pouquinho por dia. Como disse a Cris Guerra nesse texto aqui, casamento é como uma planta muito delicada que precisa de toda a atenção, mas também não pode ser sufocada, necessita espaço e liberdade para crescer e ficar bonita.

Bodas de Algodão em Amsterdam


Na Blue Bridge

Keukenhof

Vincent e Aline, amigos e guias

27 abril, 2010

O Tejo

Esse é um vídeo que eu queria ter feito desde que a ciclovia às margens do rio Tejo foi inaugurada, só que de patins :-) Aliás, patinar por ali é um dos passeios que farei no tão esperado verão. Enquanto isso não acontece, deliciem-se com o poema de Alberto Caieiro e a paisagem de Belém. Sim, sim. Lá onde há os famosos - e deliciosos - pasteis.

O Tejo from Abilio Vieira on Vimeo.



Passeio de bicicleta na margem norte do Tejo ao som de "Cais" do projecto "Os Poetas". Por Nuno Trindade Lopes. Editado por Abilio Vieira, que eu vi no blog da Cora.

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Alberto Caeiro

26 abril, 2010

Um post bem atrasado

Estava fazendo faxina numa pen drive e encontrei um arquivo chamado “rascunhos”, no qual há várias frases que li por aí e guardei para momentos oportunos. Tem também um monte de idéias soltas para possíveis posts e esse texto inacabado aqui embaixo, escrito em 2007 (!!!), quando eu ainda vivia em Bernô City e Marido ainda era Namorado.

A hóspede

Esse post está atrasado (Ô! E como!). Era para ter sido feito quando realmente tinha uma hóspede em casa. Agora ela já foi embora... mas deixou saudades imensas e ótimas recordações.

Quem era? Minha prima da Bahia. A mais próxima. A mais chegada. Sempre moramos longe uma da outra. BEM longe, diga-se de passagem. Me lembro que quando era criança, via minha irmã trocar cartas com uma outra prima – da mesma idade que ela – e eu queria muito fazer o mesmo. Então comecei a me corresponder com a Luana.

Começamos modestas, com apenas uma folha de papel de carta. Com os anos, o número de páginas ficou proporcional ao tanto de assuntos que tratávamos: muitos! Escrevíamos sobre as nossas notas, as festas da escola, o carnaval, o natal, as férias, os amigos, os passeios e sempre ficava a expectativa pelo dia que uma visitaria a outra.

A última vez que nos vimos de fato foi em 99. De lá para cá, um zilão de coisas aconteceu, inclusive o advento do email e a aposentadoria das cartas.

Tê-la ao meu lado por esses dias foi diferente de todas as outras vezes. Não sei exatamente explicar... somos mulheres maduras, temos planos, queremos casar, viajar, gastar, somos tão parecidas que até me surpreendia às vezes.
Fim.

Update: A tal visita aconteceu em agosto de 2007. Voltamos a nos ver alguns meses depois, quando Marido e eu fomos até a Bahia de carro, numa viagem deliciosa de 20 dias e 4 mil quilômetros, parando por sete cidades.

Durante todo o tempo que fiquei na casa dela, a sensação de que “se fóssemos irmãs, não seríamos tão parecidas” só aumentou. Até ganhamos um apelido por isso: Cosme e Damião. Nada mais baiano, ne?

Ela talvez não saiba, mas sinto a sua falta em muitos momentos. Eu a queria vestida de cor-de-rosa em meu casamento, penso nela em viagens que faço, quando experimento algum doce “que não é doce” ou quando vejo um filme. Daí, na falta dela em pessoa, pego fotos e viajo no tempo.

Scrapbook que fiz na época da visita, com fotos de 1986 e 2007. O moço da foto é o Ricardinho, orgulho da titia aqui :)


Em São Paulo


Cosme e Damião, na Bahia, claro!