16 novembro, 2013

Auroras boreais: experiência mágica

Ontem eu li uma notícia de que começou a temporada de “caça à aurora boreal” em várias cidades da Noruega e da Islândia. Tinha uma foto do céu verde e imediatamente eu lembrei da nossa viagem para Tromso, no começo do ano passado. Lembrei também do quão mágicos foram os dias que passamos com nossos amigos numa cabana no meio de muita neve, com o céu dançando sobre nós.


  
Tromso fica no norte da Noruega, no meio do Pólo Norte, bem mais pra cima da Lapônia, a terra do Papai Noel. Quando comentei com um conhecido noruego que planejava ir para essa região em pleno inverno ele respondeu: “ninguém vai para lá”. Bem... nós fomos =) Junto com os Vascos, a Nat, a Filipa, a Catarina e o João.

Mas verdade seja dita: em quatro dias, encontramos poucas pessoas locais para interagir. O dono da cabana que alugamos foi uma. Teve os dois funcionários da balsa que pegávamos todos os dias, o senhor do café com wifi justo ao lado do porto onde esperávamos a balsa – e que consultava a previsão de auroras para nós –, o rapaz do posto de gasolina de uma cidadezinha onde tivemos que almoçar, porque os restaurantes só abriam durante o verão.



E só. Além desses, víamos um ou outro [maluco] correndo, levando o cão para passear pela estrada ou arrastando crianças em trenós, ignorando solenemente os muito centímetros de neve no chão.


Aliás, já no avião uma publicidade na revista da Norwegian nos mostrou que eles também ignoram as auroras boreais. Ter o céu dançando sobre a cabeça é tão normal, que a menininha lê tranquilamente.


Nós chegamos a Tromso por volta das 21h30. Tarde da noite para aqueles lados no pico do inverno. Por isso, passamos a primeira noite num hotel ali no centro da cidade mesmo. Tudo já estava fechado. Nada de auroras. Tivemos a sorte de conhecer um rapaz dali da região, que sugeriu uma road-trip de um dia que nos rendeu fotos lindas, dignas de protetor de tela do windows.

Catedral de Tromso

Primeiro dia. Paisagem linda. Friozinho suportável. Algo entre zero e menos cinco. Vale lembrar: sapatos e casaco apropriados para baixas temperaturas. 

Será que estávamos felizes? 


As compras no supermercado para três dias custaram, por pessoa, o mesmo valor que uma bebida no bar do hotel ou um lanche no aeroporto.



 Três da tarde. Cai a noite. Conhecemos a nossa cabana. 

A Cabana Mágica

Algumas constatações: dois banheiros compartilhados, no lugar das quatro suítes que prometia o anuncio. O ofurô também não funcionava. Foi estragado por uns holandeses, disseram. 


Nosso quarto: menor que o esperado
Vistas que compensam

Depois do jantar, a expectativa. Foram muitos entra-e-sai na cabana, seguidos de incontáveis tira-e-coloca botas, casacos, luvas, gorro e cachecol. Primeiro uma faixa branca no céu. Será a via láctea? Não, não podia ser. Nosso amigo físico e astrônomo já tinha nos dito: Naquela época do ano o norte do planeta estava virado para o exterior da galaxia e não para o centro (que é onde está a via láctea).  

Depois, algo de verde, mas tão claro, que a cor só era bem captada nas fotos de larga exposição. Quase frustrante. Não tínhamos voado até ali para vê-las através da câmera.  



Foi quando quase todos estavam no quentinho da cabana que aconteceu. O Vasco fumava e a Nat gritava. Ninguém ouviu. Coisas de primeiro mundo: as janelas isolam o frio e o ruído. Então ela começou a bater no vidro, fazendo movimentos ondulares com o corpo.

Está a dar auroras! Elas estão a dançar!

Corremos todos. Uns sem gorro, outros sem jaqueta e teve até quem se atreveu a sair sem sapatos. Voltou atrás logo em seguida.

Impossível tirar os olhos do céu

A mesma cena se repetiu nas duas noites seguintes. Com variações de cores em tons de azul, verde e roxo. E também variações de movimentos, ora ondulares, ora como respingos, ora como cometas.

Não por acaso a nossa cabana foi batizada como Cabana Mágica.

A janela da esquerda era o nosso quarto =)
Lá do outro lado, as luzes de Tromso

Ainda hoje, se eu fecho os olhos e penso nessa viagem, vejo perfeitamente aquele céu e elas ali, dançando. É exatamente como aparece nos vídeos que a Nasa divulga. E chega a ser inacreditável que isso não passa de um fenômeno físico. Como somos pequenos diante da grandeza da natureza, não é?


Dá para entender porque Les Vont Train e Björk  são como são. Com um céu daqueles como inspiração não era para menos... #suspiros

Terminamos essa viagem com uma promessa: voltar os oito – que agora já virou dez! – para a mesma cabana ou quem sabe ir para a Islândia. Dessa vez no verão, para ver o sol da meia-noite, glaciares e os fiordes que vimos cobertos de neve, verdinhos. No verão de 2013 não foi, quem sabe em 2014... :)


Coisas práticas:

A Cabana Mágica fica em Finnkroken, na ilha Reinoy, a uns 70 de Tromso de carro. De barco a distância é bem menor, mas os horários eram um pouco limitantes. Por isso, optamos por alugar dois carros para nos deslocar. Mesmo com os gastos com combustível, pedágios e balsas, gastamos menos do que se tivéssemos nos hospedado em um hotel em Tromso. 

Sala de estar com uma senhora vista

Além disso, vimos as auroras as três noites que passamos na cabana mágica. Coisa mais difícil de acontecer quando se hospeda em Tromso por causa da quantidade de luzes da cidade. Os turistas que ficam ali costumam contratar excursões de “caça às auroras” para tentar vê-las.

E que vista!

No site Visit Tromso (em inglês) eles explicam que como se trata de um fenômeno da natureza, não tem como garantir que as auroras serão vistas. Mas eles também falam que indo com alguma folga de dias – mínimo quatro noites –, na época certa – entre novembro e março (nós fomos no fim de fevereiro) –, e com as condições metereológicas favoráveis é bem provável que elas sejam vistas pelo menos uma vez. 

Para terminar esse post, um beijinho muito grande e especial para a Catarina, que foi equipada com uma super câmera, tripé e muita paciência para fotografar naquele friozão. Graças a ela temos as fotos mais lindas da trip.

Serviços:

João, a neve e muita cautela

Cia aérea: Norwegian com escala em Oslo
Hotel da primeira noite: Scandic Tromso 
Carro: Avis. Nota muito importante: já dirigiu na neve alguma vez, certo?
Câmbio:
Quando fomos (fev/2012): 100 coroas norueguesas (NOK) = 7,50 €.
Na cotação de hoje (nov/2013): 100 NOK =  12 € = cerca de R$ 36.

04 novembro, 2013

Bem-vindos, 34!


Faz três semanas que completei 34 anos. E eles foram comemorados com a presença da Bia, minha irmã, aqui em Madri e tudo. Olha quanta alegria!

Teve de tudo no ano dos 33. Se tivesse que resumir em uma palavra, intensidade define bem. Foi um ano que começou voraz, teve muitas mudanças de planos no meio do caminho e terminou me mostrando a importância de ser paciente, de saber esperar e de acreditar.  

Mais do que tudo, os 33 me mostraram como faz bem priorizar a mim mesma, que saber dizer “não” tira um peso tremendo das costas, que o que é nosso está guardado e que tudo na vida acontece quando estamos preparados para assimilar. Sempre.  

Me despeço dos 33 agradecida. Por todos os momentos maravilhosos. Pela retomada à vida profissional. Por todos os momentos de incerteza. Por cada uma das borboletas no estômago. Elas me lembram a importância de r-e-s-p-i-r-a-r.  

Recebo os 34 de peito e braços abertos. O que quer que esteja reservado para este ano, que  eu tenha humildade e sabedoria para reconhecer os momentos de ir com tudo e os de ter mais calma.  

Que amor e gratidão nunca faltem. 

Sejam muito bem-vindos, 34!