31 maio, 2011

Já que eu falei na crise...

Às vezes eu tenho a impressão de que há pessoas/ instituições cujo principal objetivo é fazer fracassar o modelo da União Europeia, que, numa explicação bem simplista, nada mais é do que um conjunto de países que concordam em agir em conformidade com as mesmas regras e torna a circulação de pessoas e mercadorias entre eles mais acessível.

É bom deixar claro: essa é a uma opinião minha, Kelli Machado, uma pessoa que não é especialista em política, muito menos relações internacionais. Mas por que eu acho isso? Bem... porque Portugal é um dos países na chamada bancarrota que foi praticamente obrigado a aceitar a ajuda financeira do FMI sob pena de ter uma avaliação extremamente negativa perante o mercado global.

Isso me lembrou muito as eleições presidenciais do Brasil de 2002, quando “especialistas” começaram a alegar que a possível eleição do Lula elevaria o risco-país do Brasil para valores astronômicos jamais vistos antes. Daí o Lula foi eleito e, mesmo com todos os casos de corrupção que marcaram os seus mandatos, não se pode negar o impulso econômico que o Brasil teve durante os oito anos dele como presidente.

No fim, aquela história de risco-país era mais especulação do que qualquer outra coisa. O mesmo agora com a crise. É claro que houve setores em Portugal – e na Europa – que baixaram muito a produção, que demitiram funcionários, aqui há idosos com aposentadorias de 300 euros por mês, lojas que mantém o cartaz de “promoção” na porta o ano inteiro e jovens que acabam a faculdade sem perspectivas de encontrar trabalho.

O cenário está longe de ser o mais positivo, mas você vai procurar casa e os valores para comprar ou alugar estão altíssimos, muito mais do que há três anos atrás quando eu cheguei aqui. Você anda pelas ruas e os restaurantes estão sempre com movimento, pois o hábito de comer fora no almoço e no jantar prevalece. Eles podem ter deixado de viajar para fora do país nas férias e podem ter deixado de comprar nos saldos tanto quanto costumavam comprar antes, como bem comentou a Érica, mas passando fome eles definitivamente não estão.

Melhor do que dar dinheiro, o que vai deixar o  país ainda mais endividado, o que o FMI ou esses especuladores deviam fazer, na minha humilde opinião, era dar um curso de gestão de recursos aos políticos. Por que é isso que Portugal precisa: de uma boa administração para andar pra frente.

30 maio, 2011

Um post meio #prontofalei

Acho que uma das perguntas mais recorrentes que ouço é: “quando vocês voltam para o Brasil?”. E a resposta não poderia ser mais frustrante: “não sei”. Daí a pergunta que segue é: “mas então vocês vão viver em Portugal para sempre?”

Poxa, como se responde isso? Primeiro que “para sempre” é muito tempo e, segundo: quem é que sabe o dia de amanhã, me diz?

Donana costuma dizer uma frase que faz todo o sentido para o que eu quero expressar: “o futuro a Deus pertence”. Cresci ouvindo isso. O contexto era completamente outro, geralmente relacionado com um pedido meu para ir a algum lugar que ela desaprovava, mas isso não vem ao caso.

O que eu quero dizer é que estamos em Portugal hoje. Bem e felizes. Não queremos viver aqui para sempre, mas também não há um prazo para deixar o país. Se amanhã estaremos no Brasil, na Finlândia, em Singapura ou no Canadá, quem sabe? A gente vai na direção que o vento das oportunidades soprar.

Outra pergunta corriqueira atualmente é “e a crise?”. Eu não sei o que passa nos telejornais brasileiros sobre a crise financeira na Europa, mas a impressão que dá é que mostra europeus passando fome e imigrantes desesperados para voltar às suas terras natais. Gente, menos.

É claro que há casos e casos. Igual no Brasil. É verdade dizer que no Rio de Janeiro tem favelas, que jacarés e macacos circulam pelas ruas livremente, que todas as pessoas do mundo já foram assaltadas a mão armada pelo menos uma vez na vida ou que todo brasileiro já nasce sambando, anda pelas ruas quase pelado e pula carnaval o ano inteiro? 

Não, ne? Então.  

26 maio, 2011

Bodas de trigo...

... ou: Três anos de Europa

Qualquer um dos dois títulos é válido, pois as datas se confundem e se fundem.

O que importa é que seja celebrado :-)
Se for viajando, melhor!

E se for em boa companhia, *mais melhor* ainda!


23 maio, 2011

O meu primeiro congresso


Na tal semana maluca de abril (eu explico aqui e aqui), um dos acontecimentos que me tirou o sono foi a minha primeira participação num congresso científico como oradora. Ele aconteceu em Lisboa, na faculdade onde estudo e mobilizou mais de mil pessoas – vindas de todos os cantos da Europa – durante três dias.

A sensação que tive – como descreveu uma amiga tuga – foi de que eu era uma bela sardinha nadando entre tubarões sem saber que era a única diferente. Só quando cheguei lá descobri que eu era a única mestranda, num painel com 12 pessoas entre doutorandos, professores e pessoas fazendo pós-doc. Para aumentar o frio na barriga, foi tudo em inglês.

Marido me ajudou com a apresentação do powerpoint e eu escrevi todo o meu discurso, porque sabia que se tentasse improvisar, estilo aula descolada, o risco de gaguejar seria grande. Eu não me lembro de ter tremido tanto na minha vida, nem na defesa do TCC – trabalho de conclusão de curso – na faculdade, nem em primeira reunião com cliente ou no dia do meu casamento.

Saiu um peso enorme das minhas costas quando terminou e a confirmação de que não foi assim tão mal veio com o comentário de uma professora francesa de antropologia e etnografia que elogiou o fato de eu estar lá, dizendo que queria que os alunos dela tivessem a mesma atitude que eu. Olha, elogio gratuito no universo acadêmico vindo de professora com mais de 30 anos de carreira não é nada normal. NADA. Se ela disse, é porque she means it.

E não parou aí. Depois que o painel já tinha acabado, nós voltamos a nos cruzar no jardim da faculdade e ela disse: “tenho certeza de que nos encontraremos em outros congressos e na altura vc estará apresentando a sua tese de doutorado”. Taí algo que eu nem penso a respeito ainda: doutorado, mas desde já agradeço à professora Danièle Vazeilles por esse incentivo e voto de confiança.

20 maio, 2011

Sobre a semana mais esperada de todas

Desde o ano passado eu já sabia que a terceira semana de abril seria a mais cheia de todas. Conforme mais um evento era marcado para a mesma época, dobrava a quantidade de  borboletas no meu estômago. Quando ela chegou, eu estava em cólicas, ansiedade a mil.

Tudo aconteceu lindamente, exatamente do jeito que tinha que ser. No final, todos os envolvidos voltaram para casa felizes e eu respirei de alívio, felicidade e gratidão.
Os melhores

Uma semana cheia de harmonia, unidade e amor


Os sogros em Cascais, só no começo do passeio pela Europa

Eu, o Chihuahua, entre Dogs Alemães durante o congresso
Páscoa feliz em família no quintal de casa :)

19 maio, 2011

Luto

Já passou mais de um mês desde a minha última publicação e justamente hoje que tinha planejado que escreveria no blog, recebi a notícia de que uma amiga da época em que vivi na Terra do Gelo – aka Canadá – faleceu.

Essa é daquelas notícias que a gente nunca espera. Mesmo quando é um velhinho, mais para lá do que pra cá, a gente não espera. Ou eu não espero. Quando o alguém é ou foi do meu convívio, então... mais ou menos com a minha idade e com tanta coisa ainda para fazer... vários pensamentos passam pela minha cabeça.

O principal, entretanto, é: a vida é muito, muito frágil e também muito, muito curta. Cada palavra de amor tem que ser dita ao passo que cada ofensa tem que ser pensada e repensada antes de ser verbalizada. Os pequenos momentos devem ser apreciados sem moderação, todas as oportunidades aproveitadas e as pequenas diferenças devem ser tratadas exatamente do tamanho que são: pequenas.