29 dezembro, 2011

Fim de ano econômico em Lisboa

A pedido da Pri Fiorin, para escrever esse post aqui, eu tirei um fim de tarde para fotografar a decoração de Natal de Lisboa e a constatação: se dependesse de iluminação exuberante, o Natal foi bem apagado por aqui... O que não quer dizer que foi triste, vejam bem.


Em meio a notícias sobre a crise, medidas de austeridade, cortes de postos de trabalhos, de serviços, de benefícios e de salários, nada mais coerente do que cortar o que de fato é um desperdício: a iluminação de Natal.

A Câmara de Lisboa não enfeitou os monumentos nem as principais avenidas. Iniciativas que apareceram aqui e ali foram patrocinadas por empresas privadas ou associações de comerciantes/ moradores e mesmo assim com a preocupação de reutilizar materiais como plástico e usar lâmpadas LED, que consomem menos energia.

Passa a mensagem de que mesmo no meio de dificuldades é possível usar a criatividade e celebrar na mesma. Afinal, o mais importante do Natal é estar com aqueles que são especiais para nós, não é?


Repararam? Peças montadas com vários puxa-sacos juntos

Sinceramente, espero que 2012 venha com bons ventos para Portugal e para o mundo. 

23 dezembro, 2011

Dica ecológica: faça você mesmo

Em cimíssima da hora, mas quem nunca deixou pelo menos um presente de Natal para comprar aos 45 do segundo tempo, ne? Mas mesmo que essa dica não sirva para este Natal, será útil num próximo aniversário ou ocasião especial que você queira presentear alguém com algo FEITO POR VOCÊ!

Este ano, meus amigos do mestrado organizaram um jantar sustentável – que também pode ser chamado de econômico ou à moda antiga: cada um preparou um prato, levou a bebida que mais gosta e confeccionou um presente para trocar no amigo secreto.

Como tem gente do mundo inteiro na turma, até uma sopa turca degustamos. Adoro essa troca que viver na Europa porporciona. A hora mais divertida foi, sem dúvida, quando começamos a abrir os presentes e nos deparamos com um show de criatividade.

Marido, ofereceu um molho de pimenta caseiro – receita do padrinho dele. 

Hugo e o molho de pimenta de família
E ganhou um vinagre aromatizado e um azeite caseiro com ervas.

Huuuuummmm!

Reparem nas garrafas: de água e de molho reutilizadas!

Eu montei um kit com um bloquinho de anotações com o verso de impressões antigas, um lápis que tinha ganho num congresso e nunca tinha usado e um marca-texto.

Cloé e o kit anotações

E ganhei uma caneca cheia de bombons.

Hummmm!



Pela festa ainda passaram cachecol feito pela própria pessoa, carteiras feitas com embalagem tetra park e tantas outras coisas. 

No jantar com a turma da natação, um dos meus colegas é suíço e deu ao professor um pacote com biscoitos típicos da cidade dele, feitos por ele. De uma delicadeza sem tamanho. E eu acho que o mais importante nessa história é exatamente isso: o tempo e o carinho que se emprega em preparar algo com as próprias mãos para dar às pessoas queridas.

16 dezembro, 2011

Pronomes de tratamento

No primeiro dia de fisioterapia, eu estava na sala de espera quando a Manoela chamou: “Dona Kelli”. Ao me ver, imediatamente corrigiu: “Ah! É Menina Kelli”.

Pois é! Em Portugal há esse modo peculiar de chamar às mulheres mais novas. O normal, segundo uma amiga explicou, é usá-lo para “raparigas solteiras”. No meu caso, uma senhora casada, já não era para ser tratada por Menina, mas acontece sempre. É isso que dá ter um ar jovial :)

É sério. Eu já tinha sido tratada por Menina em cafés, restaurantes, lojas e na faculdade. Até aí, para mim, isso era um hábito do cotidiano falado. Eis que um dia eu estava reservando uma viagem e no site da companhia aérea tinha as opções: Sr., Sra. e Menina. MENINA, gente. Imaginem a pessoa na fila do check in, com mais de 30 anos nas costas e uma passagem emitida para “Menina”? Hilário.

O interessante é que o inverso não acontece. Os rapazes solteiros nunca são tratados por “Menino”. Informalmente são gajos, assim como as mulheres são raparigas. Gaja não existe. Quer dizer... existir, existe, mas é preciso muuuuuuita intimidade pra tratar uma mulher assim, porque equivale à mulher de quinta categoria.

Aliás, uma informação importante para os brazucas: tratar as pessoas por “moço” ou “moça” é super pejorativo. O garçom pode ter 17 anos, o modo correto de tratá-lo é por senhor.  

Houve uma vez que eu gerei a maior polêmica com os meus colegas do mestrado ao perguntar se havia algum problema em tratar o meu orientador por você. Teve os que levantaram a bandeira da informalidade, mas outros – a maioria, diga-se – defenderam o respeito à hierarquia e tratam os seus orientadores por Sr. Prof. Doutor.

Eu tenho todo respeito pelo meu orientador e pelos demais professores do meu mestrado, mas Senhor-Professor-Doutor é um bocadinho formal demais. Depois dessa discussão eu adotei outra forma de tratar as pessoas muito comum em Portugal: usando a terceira pessoa do verbo. Tipo: “o que o professor acha?” ou “o professor disse...” com ele sentado bem na minha frente. Agora já sai naturalmente, mas no início...

Para terminar esse post gi-gan-te, o modo de se referir às crianças, o mais fofo de todos: putos e miúdas.

14 dezembro, 2011

Manoela, a fisioterapeuta

Se um dia eu escrever um livro sobre Portugal, o nome será algo parecido com Histórias do café. São tantas cenas do cotidiano – e por isso mesmo – interessantes que eu vejo enquanto tomo uma chávena (aka xícara) de café que renderiam boas crônicas.

E por café leia-se: fila do mercado, sala de espera, ponto de ônibus, taxi, aeroporto e qualquer outro lugar onde conseguimos observar as pessoas e os seus comportamentos. 

Hoje, o “café” era a sala de fisioterapia onde estou tratando uma tendinite no joelho. Manoela, minha fisioterapeuta, é angolana e super serelepe. Consegue tratar três pacientes ao mesmo tempo com a maior habilidade.

Entre um assunto e outro, ela lamentou o fato de, neste ano, a clínica ter dado férias coletivas a todos os funcionários no verão. Por conta disso ela não ia ter aquilo que mais gosta no inverno: uma semana de férias em dezembro ou janeiro. E explicou: “é TÃO bom saber que vai estar frio e eu não preciso sair de casa!”.

Tem como não amar? :-)

Hoje foi o meu segundo dia, de um tratamento com 15 sessões. Já estou ansiosa para descobrir o que os próximos encontros com Manoela reservam.

09 dezembro, 2011

Dica ecológica: recicle

Depois que publiquei o post sobre o papel pardo reciclado, lembrei que eu também já usei caixa de cereais “do avesso” para mandar coisas delicadas pelo correio. E o que estava dentro chegou ao destino exatamente como deveria: intacto.

A Sociedade Ponto Verde é uma das empresas que realiza coleta seletiva em Lisboa. Em Portugal, em 2010, 15% de todo o lixo gerado foi recolhido separadamente, segundo a Agência Portuguesa de Ambiente. Para vocês terem uma ideia, no Brasil esse número não chega a 2%, de acordo com o IBGE. #tristeza.

Mas em termos Europeus, o número de Portugal ainda é baixo, então para incentivar a população a reciclar mais, frequentemente a empresa estabelece parceria com ONGs e cria campanhas do tipo: a cada mil toneladas recolhidas, criará uma nova unidade de qualquer coisa. E depois mostra o resultado obtido, para as pessoas saberem que o lixo delas virou algo de bom para alguém.

Você não sabe o que é feito com o plástico ou o vidro que você coloca no lixo reciclável? Esse vídeo te mostra de uma forma bem esclarecedora, super divertida e a partir do ponto de vista dos próprios objetos :)



08 dezembro, 2011

Cenas do cotidiano

Em Lisboa, garçons portugueses que não são rabungentos, são super simpáticos. Alguns se metem até a ser piadistas. Como o que encontramos hoje numa marisqueira.

Minha amiga falou: Eu não vi creme de mariscos no cardápio...

O garçom diz: “Ah, só há às segundas” e começa a rir.

(passam-se uns segundos)

Enfim eu mato a charada: Quando o restaurante encerra (não abre)?

Garçom (sorridente): Pois! Comemos o creme de mariscos em casa.

06 dezembro, 2011

Cadê a árvore?


Subiu pela parede :-)
Nós mudamos de casa no início do ano e o canto para a árvore de Natal ficou lá no outro apartamento. Eu já tinha decidido que não montaria a árvore este ano, aí a Vivianne Pontes publicou esse post.

Era a inspiração que precisa para espalhar o espírito natalino pela casa sem perder espaço.

01 dezembro, 2011

Dica ecológica: reutilize

Na semana passada eu coloquei no correio os primeiros cartões de Natal deste ano. Pois é... se vivendo no Brasil a gente já corre o risco do cartão chegar no carnaval, estando fora o cuidado tem que ser maior, para não perder o timing.

E porque esse assunto entra no tópico de Dicas Ecológicas? Porque eram cartões grandes, fora do tamanho convencional, então tive que providenciar um embrulho, pois não havia envelopes que servissem.

A primeira reação seria correr numa papelaria e comprar um rolo de papel pardo ou similar, certo? Mas dando uma olhada no cantinho da bagunça aqui de casa, eu vi um monte de sacolas de papel esperando para serem usadas “um dia”. Recortei, passei em volta do cartão com o logotipo da loja virado para dentro e ali estava o meu papel pardo reciclado, pronto para andar de avião.

Não é sobre ser pão-duro, é sobre Reduzir, Reutilizar e Reciclar

Ah. E uma dica adicional a essa é: fazer você mesmo o seu cartão de natal ou comprar um cartão ligado a uma causa, como aqueles vendidos pela Unicef.