27 novembro, 2008

Crendices

Cada um tem a sua. A pessoa pode não admitir ou guardar só para si, mas que ela tem pelo menos uma crença em algo um tanto sem muito sentido (para os outros!), tem.

Eu tenho uma grande dificuldade em falar sobre projetos (meus, claro) que ainda não estão concretizados. Eu não sei dizer exatamente o porquê, mas na minha cabeça se eu falar antes de realmente acontecer, pode não dar certo e nem vir a acontecer. Marido chama de crença limitadora. E realmente é, pois já me levou a conflitos internos torturantes.

Eu acredito que as pessoas geram energia, positiva e negativa. Às vezes pode ser um ato ou pensamento inconsciente, involuntário, mais forte que ela... A tal “inveja boa”, por exemplo. Isso não existe. Inveja é inveja. E gera uma carga energética bem negativa, independente da pessoa dizer que não é bem assim.

A minha própria crença gera uma energia negativa danada, mas a questão é que eu não gosto de dar explicações. Não sobre a minha vida. E se algum detalhe der errado e eu já tiver dito pro mundo inteiro, para cada pessoa que eu reencontrar vou ter que explicar isso e aquilo. Porque as pessoas realmente perguntam. (Eu sou uma e não fujo à regra).

Isso já me colocou em cada situação... quando fui para a Terra do Gelo mesmo meu visto só foi liberado horas antes do vôo e eu estava no maior conflito: fazer ou não fazer festa de despedida. Eram seis meses fora do Brasil, eu tinha pedido as contas do emprego e as passagens já estavam compradas. Eu realmente acreditava que viajaria, mas e se tivesse que adiar? Quando contei aos meus amigos, o “COMO ASSIM?” foi em coro. Poucas coisas me doeram tanto quanto aquilo. Eu tirei das minhas amigas a oportunidade de me ajudarem a fazer as malas, a gravar Cds com músicas brasileiras, a escolher qual livro levar e um monte de coisas. As pequenas coisas, aquelas que realmente importam.

Aí a ficha caiu. Claro que ninguém muda da água pro vinho da noite para o dia. Me abrir mais tem sido um processo constante. Às vezes eu tropeço, gaguejo, enrolo, mas conto, ainda que para poucos. E quando algo não corre como planejado, o abraço e as palavras de consolo vêm na sequência, sem que eu precise pedir.

24 novembro, 2008

Mas... mas... mas... eu só quis dizer...

Já faz um tempo que estou para escrever sobre as broncas que levo em qualquer lugar que vou. Bronca mesmo, daquelas que levamos da mãe quando fazemos alguma besteira. Aqui, não é preciso fazer besteira. Não é preciso sequer falar na verdade. Basta existir e estar bem em frente a um português mais carrancudo.

O mais típico é o graçom. Alguns nos encaminham para a mesa de um modo bem direto: “Se quer se sentar, tem que ser nessa mesa, naquela não pode”. E ponto. O mesmo tipo de tratamento também pode acontecer quando pedimos algo que ESTÁ no cardápio, mas por alguma razão NÃO HÁ disponível naquele dia. Agora aprendi a pedir pelo que está na lista de “pratos do dia”. É atualizada diariamente e sempre tem ao menos duas opções de peixe e outras duas de carne, além da quase certeza de que há.

Outro tipo de bronca vem de atendentes de um modo geral (de lojas, supermercado, dos correios, do banco etc). Pode ser porque ela não tem troco, ou porque você pediu para trocar uma nota de 20 euros, porque o que você quer toma um pouco mais de tempo, porque você pediu inforamções sobre um produto ou mesmo porque você simplesmente entrou na loja.

Agora os campeões são os idosos (e eles que são muitos!). Com esses não tem conversa. São curtos e crossos. No começo achava que era pessoal, que eu realmente fazia algo de errado. Agora abstraio completamente. É esquisito, mas esse realmente é o jeito deles.

Um amigo do Marido descreveu um restaurante da seguinte forma: “É uma típica cervejaria portuguesa, onde os conhecidos são bem tratados e os estranhos postos para correr”. Detalhe: ele é português, tá. E falou isso sorrindo. Enfim, é realmente o jeito de ser de alguns portugas.

Bem, mas verdade seja dita, toda história tem duas versões, certo? A outra metade dos garçons com que nos deparamos adora fazer piadas, está preocupada se estamos gostando de tudo, sugere o melhor prato e ainda explica a diferença entre bacalhau a brás, a broa, a gomes de sá, a zé do pipo e com natas. Os atendentes conhecem os produtos que vendem com riqueza de detalhes e os velhinhos – os perdidos entre os resmungões – são simpatissíssimos. Não são muito de conversa, é verdade, mas até sorriem. E sempre têm comentários fofos na ponta da língua.

20 novembro, 2008

Os primeiros 300

Marido e eu completamos dez meses de casados. Essa nossa conta é um tanto torta, como eu já expliquei aqui. Mas a verdade é que tem sido dez deleciosos meses, de altos e baixos, de cumplicidade e aprendizado. E também de muito, muito amor e confiança.

O que me deixa mais feliz é que são só os primeiros 300 dias do resto de nossas vidas.

07 novembro, 2008

Sei lá, mil coisas

Ando sem muita inspiração para escrever ultimamente... Daí recebi o texto abaixo essa semana e pensei que ele tem a ver com o momento.

Porque, de repente, eu abri os olhos e me dei conta que já se passaram seis meses que estou a viver na Europa. E já deu tempo de colocar as "coisas" no lugar, "interiormente" falando.

E se a gente não "acorda", quando vê, já passou...

Grande Quintana.

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa

Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.

Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais".