19 janeiro, 2011

Diálogos reais

Cenário:

Dia 1º de janeiro de 2011, Marido e eu fazendo escala no aeroporto de Madrid à espera do voo que nos levaria para Lisboa e atrasou quatro horas para sair devido a uma baita neblina que cobria o aeroporto luso.

Ao nosso lado, mães já impacientes implicam com as filhas que tinham espalhado todas as bonecas do mundo pelo chão para brincarem de casinha.

Conversa:

Eu: Acho que quando tivermos filhos teremos que nos organizar melhor, para pegar sempre voos diretos.

Marido: Com toda a certeza.

Eu: Hummm... mas daí vamos viajar bem menos...

Marido: Não necessariamente.

Eu: É! A gente pode se mudar para uma cidade que recebe muitos voos.

Marido: ... tipo Madrid ou New York...

Eu: Vancouver é super internacional, não é?

Marido: Claro!

Eu: Também tem Londres, Paris...

Marido: Então está combinado, quando tivermos filhos, nos mudamos para uma cidade com muitos voos internacionais diretos para muitos lugares.

***

E é assim que - há três anos completados hoje como Sr. e Sra. Tonon - Marido e eu seguimos fazendo os nossos planos.  

18 janeiro, 2011

É cada uma...


Avisei a dona Conceição que vou mudar de apartamento nas próximas semanas. Ela é daquelas pessoas que tem a sorte de ir para o trabalho a pé. No seu caso, cada dia da semana está numa casa ou num comércio diferente, todos aqui no bairro mesmo.

O apê para o qual vou mudar fica relativamente perto, a dois quilômetros de onde vivo hoje ou, numa outra unidade de medida, a duas estações de metrô, mas tem que andar uma, trocar de linha e andar outra. Quando dei a notícia, ela soltou a seguinte pérola:

Ah, mas por quê? Eu estou tão bem aqui...

Em seguida reconsiderou, perguntando se a casa era maior (o que não é)...

... porque se precisar trabalhar mais horas...

Agora eu me pergunto: o mundo perdeu a noção ou sou eu que estou ficando mole?

17 janeiro, 2011

Já ia esquecendo...

Em dezembro, escrevi um texto para o DestaqueSP sobre o inverno europeu e os cuidados que se deve tomar para aproveitar as férias ao máximo.
Para ler, clique aqui.


14 janeiro, 2011

Tudo tem o seu lado B

Antes de conhecer Tenerife, minhas experiências com ilhas se resumiam à Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e Morro de São Paulo, na Bahia. Dois lugares que, para mim, são pequenos paraísos na Terra. Nas duas chega-se de barco e em nenhuma delas há carros. Tudo é feito a pé, com burro, carrinho de mão ou, no máximo, de barco. Para chegar a algumas praias é preciso fazer trilhas e a arquitetura tem um ar rústico.

Como eu ficaria na casa de amigos que vivem lá, confesso que não pesquisei quase nada antes da viagem, só a previsão do tempo. A máxima em Lisboa era de 8 graus naquela semana, enquanto na ilha estava entre 14º e 24º, com sol e praia, em pleno inverno europeu. Era só isso que eu precisava saber.

Daí qual não foi a minha surpresa ao chegar lá e me deparar com DOIS aeroportos, prédios de 20 andares e rodovias – DUAS! – que atravessam a ilha de norte a sul. A tia wiki diz que a sua população é de 886 mil habitantes, mas nossos amigos disseram que com os turistas, o número de pessoas na ilha chega perto dos 2 milhões. Oi? Numa ilha? Não é muito?

Todo aquele concreto e sinais de urbanização próximos aos cantinhos mais naturais da ilha me causaram uma baita má impressão. O pior não era nem os bairros já ocupados pelos moradores locais, mas o sem número de condomínios fechados novos em folha praticamente vazios e outros tantos em fase de construção nos lugares mais improváveis, nitidamente feitos para estrangeiros comprarem.

A falta de um sistema de transporte mais eficiente também me entristeceu. Todo mundo na ilha usa carro, nós mesmo não fugimos à regra. Admito que facilitou a nossa vida, chegamos aos lugares mais remotos e não ficamos dependentes de horários e rotas limitadas. Mas, poxa, a Espanha está cheia de bons exemplos de transporte. Por que não usar como modelo, ne?

As auto-estradas mais retas e planas eu não censuro. Marido e eu nos aventuramos pelas estradas antigas, feitas seguindo o contorno das montanhas e devo dizer que foi uma aventura. Tem que ser bem macho para conduzir ali, há pedras pelo caminho, subidas super inclinadas, curvas de 180º, sem contar os barrancos.

O sul só não foi uma grande decepção porque nossos amigos já nos tinham dito que era bem turístico. Eu só não imaginava que era tanto. Praias artificiais de areias claras, marinas, parques temáticos e resorts, absolutamente tudo escrito em inglês ou alemão e todo tipo de opção gastronômica, MENOS espanhola. O que quebra um pouco toda a superficialidade são as montanhas imponentes e o marzão azul, de água transparente. Pelo menos isso ainda continua intacto.

13 janeiro, 2011

Meu Top 10 de Tenerife

Marido e eu passamos seis noites em Tenerife, o que foi um bom número.  Como eu já contei, alugamos um carro e circulamos 700 quilômetros por toda a ilha, de norte a sul. A seguir, uma seleção dos 10 locais que achamos mais bacanas. 

1. O vulcão Teide pode ser visto por quase todos os pontos da ilha. Mesmo que a pessoa não esteja disposta a pagar para subir no teleférico, vale à pena tirar um dia para andar ali a volta.
"És una teta", descreveu nosso amigo

2. O parque natural a volta do Teide, todo formado por vestígios de lava solidificada. Impressiona.

"Paisagem lunar"

3. Masca é uma aldeia que está cravada no meio, literalmente, das montanhas Los Gigantes. Para chegar lá, pega-se uma estrada super tortuosa, que vai contornando a montanha ladeira acima. Diz a lenda que era um antigo refúgio de piratas.

Masca: o pôr-do-sol mais lindo da viagem
4. Garachico. Como a ilha fica bem no meio do oceano, o mar costuma ser um tanto agitado, por isso é comum as pessoas preferirem as praias do Sul, que foram construídas, por isso têm barreiras para não deixar a areia voltar para o mar e, consequentemente, as águas ficam mais calmas. Outra opção é ir a praias "originais", que possuem piscinas naturais formadas pelas rochas. Garachico é uma delas. 
A foto não é fiel ao azul da água

5. Punta de Teno é outra praia com piscinas naturais, a tal que fica depois da placa que diz para não seguir em frente. A estrada é tão cheia de curvas quanto a que vai para Masca. Rola até um medinho pro passageiro, que vai vendo todo o penhasco enquanto o motorista se concentra para desviar as rochas caídas no meio do caminho. Para quem gosta de snorkeling, é um prato cheio.

Água transparente e peixes que vem na beiradinha

6. No meio do caminho para Masca, há o Parque del Teno, com um monte de montanhas, vistas deslumbrantes sobre Tenerife e para a ilha Gomera, além de trilhas bem sinalizadas que levam, entre outros lugares, para a Punta de Teno, o local da foto acima.

Quem sabe numa próxima vez vamos a pé...

7. Puerto de la Cruz tem todo um charme, com praia, um clube com piscinas de água do mar e toda uma vida ativa, turisticamente falando. 

O primeiro contato com as areias vulcânicas

8. Passeio de barco foi o programa mais de turista que fizemos e justo nesse dia choveu em alguns momentos, as ondas estavam altas, daí parte do passeio perdeu a graça, pois uns 80% das pessoas que estavam no barco passaram mal o passeio inteirinho. Não fizemos snorkeling, mas valeu à pena por termos visto baleias e golfinhos.
Mamãe e filhinho!

9. Dizem que as montanhas de Anaga formam a parte mais antiga da ilha. Fizemos uma trilha de 8 Km, sem subir nem descer muito, um cuidado que se deve ter para aventureiros sem muita prática. Todos os caminhos estavam super bem sinalizados.

Floresta de Anaga lembrou a Mata Atlântica

10. E, por fim, as famosas tapas (petiscos) que não podem faltar no roteiro quando se trata de turismo em território espanhol.

Queijo para mim e jamon para ele. Vinho para os dois :)


11 janeiro, 2011

Detalhes que fazem diferença

O título desse post é batido, mas conhecer um lugar novo com pessoas que vivem nele faz uma diferença tremenda e viajar com um pouco mais de tempo para fazer turismo “além do básico” também.

Andar de ônibus/ metrô/ trem, tomar café na padaria, ficar na casa de alguém ao invés de hotel (mesmo quando não se tem amigos, pode-se alugar um quarto ou uma casa), “passear” pelos supermecados – o programa preferido do Marido, diga-se –, andar pelas ruas paralelas às mais turísticas, entre outras são todas coisas que, para mim, nos colocam mais em contato com os hábitos locais, nos permite conhecer mais sobre o lugar e as suas pessoas.

Por exemplo, em Tenerife:
Nós fizemos a trilha que o nosso amigo faz para se distrair
Fomos às praias que nossas amigas vão no fim de semana, de areia vulcânica, que é negra
Mas também fomos caminhar em outra praia, essa construída com areia mais clara, que ou foi retirada
do fundo do mar ou trazida do deserto do Saara
Fomos tomar café da manhã no local que eles vão quando querem se dar um mimo

Só continuamos pela estrada depois da placa que diz para não seguir em frente porque foi
exatamente essa a indicação que eles nos deram...
E assim por diante. E posso dizer? Fez toda a diferença.

Que fique claro que eu não tenho nada contra pagar de turista, pelo contário. Eu mesma sou uma turista master, adoro uma loja de lembrancinhas, faço questão de ir a todos os pontinhos marcados nos mapas e guias, para desespero do Marido, mas quando dá para fugir do que já está pasteurizado, acho ótimo.

É, inclusive, o que eu tento fazer com os amigos que recebo aqui em Lisboa, levo-os aos monumentos sim, para ouvir fado quando pedem e para comer pastéis de Belém porque são imperdíveis, mas não deixo de levá-los ao meu miradouro preferido, para tomar um café expresso na padaria ou para comer aquele bacalhau caprichado, naquele restaurante de bairro que, passando pela porta, ninguém dá nada por ele.

10 janeiro, 2011

Adeus ano velho, feliz ano novo!


Estamos na segunda semana do ano, se eu demorasse mais um pouquinho só, esse post ia ficar completamente ultrapassado, mas vamos lá!
2010 começou no Brasil, numa montanha no meio da Chapada Diamantina, na Bahia, no calor e ao lado das nossas famílias, coisa que simplesmente não tem preço que pague ou palavras que descreva. De volta a Portugal, Marido e eu nos empenhamos mais nos estudos, eu com o mestrado e ele com o doutorado. Recebemos menos amigos em nossa casa (foram quatro, contra 19 em 2009), também trocamos as grandes viagens por menores, por Portugal mesmo, para a Espanha no verão e Amsterdam em nosso segundo aniversário de casados.
Ganhamos ingressos para o show do U2 na última hora – e nós fomos vê-los! Os meus amados pais canadenses vieram nos visitar, a minha turma de mestrado é a melhor de sempre, conheci pessoas super bacanas – as melhores aquisições do ano, como eu costumo dizer –, que espero mantê-las presentes em 2011, da mesma forma: constatei que laços iniciados em 2009 se fortaleceram no ano que passou.
Confesso que por causa do ano letivo começar em setembro – com desejos de ano novo e tudo mais em pleno outubro – eu já estava começando a ficar com a sensação de que 2010 estava fazendo hora extra para terminar, mas aí... Tenerife... banho de mar... caminhadas... energias renovadas... o ano foi super bem aproveitado!

05 janeiro, 2011

Tenerife, um teaser

Tenerife é uma das sete Ilhas Canárias, que pertencem à Espanha e ficam no meio do oceano Atlântico, muito próximas à África. É linda, com um vulcão de 3.718 metros de altura no meio que é a coisa mais impressionante.

Assim que Marido e eu chegamos, nossos amigos que vivem lá nos deram três conselhos valiosíssimos:

1. Alugar um carro, pois o transporte público não é lá essas coisas (infelizmente...).

2. Ter sempre conosco roupas para frio de montanha e praia, pois as temperaturas variam conforme o lado da ilha em que se está.

3. O transporte de uma ilha para outra para turistas pode sair bem caro, além do que também é deficiente. Não vale à pena ir a outra ilha para passar o dia, por mais próxima que ela esteja. Por isso nos recomendaram aproveitar os cinco dias completos que tínhamos para explorar Tenerife por completo.

Seguimos à risca e adivinhem? Nossas férias foram um sonho de perfeitas.

Era feriado de reveillon e já não havia carros disponíveis em nenhuma das agências de aluguel do aeroporto. Recorremos, então, aos rent a car de rua, daqueles super "pega-turistas", sabem? Com pacotes turísticos para visitar macaco com rabo torto, colônia de jacaré bonzinho e assim por diante. Nos entregaram um carro t-o-d-o arranhado e praticamente sem combustível. Mas ne... quem se importa? Andava, que é o que interessa.

Nós rodamos 700 quilômetros e ainda ficou passeios por fazer. Vale dizer que o mapa oficial de lá, distribuído gratuitamente nos quiosques de informações turísticas, é muito bem feito e toda a ilha é muito bem sinalizada. Não nos perdemos uma vez sequer, em cinco dias motorizados.

O conselho da roupa também foi muito válido. No dia que visitamos o vulcão, por exemplo, fazia menos três graus lá no topo e 25º na base. Do inverno para o verão em questão de horas, literalmente.

04 janeiro, 2011

Bem-vindo, ano novo!!!


2011 começou num lugar lindo, rodeado de natureza e em companhia de amigos de caminho, que tornaram toda a experiência de conhecer um novo lugar em algo ainda mais especial.

As expectativas estão elevadas: mudanças previstas para as próximas semanas, nossas famílias finalmente virão nos visitar e, no meio de tudo isso, tem a minha dissertação para ser escrita.

A palavra de ordem é: d-i-s-c-i-p-l-i-n-a.

2011, seja muito, muito bem-vindo, pois eu estou de braços e coração abertos.