Pois é! Em Portugal há esse modo peculiar de
chamar às mulheres mais novas. O normal, segundo uma amiga explicou, é usá-lo para
“raparigas solteiras”. No meu caso, uma senhora casada, já não era para ser tratada
por Menina, mas acontece sempre. É isso que dá ter um ar jovial :)
É sério. Eu já tinha sido tratada por Menina
em cafés, restaurantes, lojas e na faculdade. Até aí, para mim, isso era um hábito
do cotidiano falado. Eis que um dia eu estava reservando uma viagem e no site
da companhia aérea tinha as opções: Sr., Sra. e Menina. MENINA, gente. Imaginem
a pessoa na fila do check in, com mais de 30 anos nas costas e uma passagem
emitida para “Menina”? Hilário.
O interessante é que o inverso não
acontece. Os rapazes solteiros nunca são tratados por “Menino”. Informalmente são
gajos, assim como as mulheres são raparigas. Gaja não existe. Quer dizer...
existir, existe, mas é preciso muuuuuuita intimidade pra tratar uma mulher
assim, porque equivale à mulher de quinta categoria.
Aliás, uma informação importante para os brazucas:
tratar as pessoas por “moço” ou “moça” é super pejorativo. O garçom pode ter 17
anos, o modo correto de tratá-lo é por senhor.
Houve uma vez que eu gerei a maior polêmica
com os meus colegas do mestrado ao perguntar se havia algum problema em tratar
o meu orientador por você. Teve os que levantaram a bandeira da informalidade,
mas outros – a maioria, diga-se – defenderam o respeito à hierarquia e tratam
os seus orientadores por Sr. Prof. Doutor.
Eu tenho todo respeito pelo meu orientador
e pelos demais professores do meu mestrado, mas Senhor-Professor-Doutor é um
bocadinho formal demais. Depois dessa discussão eu adotei outra forma de tratar
as pessoas muito comum em Portugal: usando a terceira pessoa do verbo. Tipo: “o
que o professor acha?” ou “o professor disse...” com ele sentado bem na minha
frente. Agora já sai naturalmente, mas no início...
Para terminar esse post gi-gan-te, o modo de
se referir às crianças, o mais fofo de todos: putos e miúdas.
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