26 novembro, 2010

Sintomas de saudade

Eu passei a semana inteira inquieta, super esquisita mesmo, umas vontades de chorar do nada, desânimo, sem concentração para nada e invertendo completamente a ordem de prioridade das coisas que eu tenho para fazer.

Primeiro achei que eram sintomas daquela depressãozinha que rola no inverno. Brasileiro que já viveu no Hemisfério Norte nessa época do ano sabe do que eu estou falando... não é uma depressããããão, é aquela vontade ficar em casa, conviver menos com outras pessoas, escolher alguns seriados para chamar de preferidos ou então hibernar até ficar quente de novo.

Depois cogitei culpar a TPM, mas o seguinte é: quando ela é a vilã, um chocolate resolve. Só que nesse caso nem mesmo uma caixa de Bis e um pacote de Ouro Branco – os meus preferidos – vindos diretamente do Brasil fizeram efeito.

Foi então que ontem – no auge da vontade de chorar sem motivo e sem foco para absolutamente nada – eu resolvi sair e andar sem rumo. Nada de me encher de comida ou comprar algo por impulso. Fui tomar vento na cara mesmo, deixar os pensamentos e os sentimentos fluirem e então tudo ficou claro: BAITA SAUDADE!!!!

Acho até que a expressão em inglês – homesick – faz mais sentido, porque eu estava quase adoecendo mesmo. A combinação frio + clima natalino + distância é igual a coração destroçado. Daí o remédio é respirar fundo, incorporar o espírito da Pollyanna, olhar para o copo meio cheio, lembrar que a escolha de estar longe foi minha e enquanto o esforço estiver valendo à pena, o Skype ajuda a diminuir a distância.

"Família, família come junto todo dia, nunca perde essa mania"

25 novembro, 2010

Sobre o direito de se manifestar

Ontem, dia 24 de novembro, foi dia de greve geral em Portugal, que juntou profissionais de todas as categorias – sobretudo saúde, educação e transporte – para protestar contra as medidas anunciadas pelo governo para conter a crise financeira que o país enfrenta. Para vocês entenderem, o governo anunciou que em 2011 vai reduzir os salários dos funcionários públicos que recebem mais de 1500 euros, vai aumentar os impostos e cortar um sem número de subsídios – desde os que farão muita falta até aqueles que já tinha passado da hora de serem suspensos.

A greve mobilizou principalmente os funcionários públicos, mas teve muito empregado privado que também aderiu à causa, afinal aumento nos impostos mexe no bolso de todo mundo. No final do dia houve um show no centro de Lisboa com artistas solidários aos manifestantes.

No começo eu não estava colocando uma fé que a greve seria levada a cabo, mas no fim, devo dizer que tiro o chapéu para o evento como um todo. A greve foi convocada há tempos, pouco a pouco grupos trabalhistas anunciaram a adesão, havia panfletos e cartazes por toda a cidade. Quando chegou o “grande dia”, lá estava: metro fechado – adesão 100% –, todos os voos de e para Portugal cancelados, muitas escolas fechadas, os ônibus circulando em quantidade bem reduzida, hospitais abertos só para emergências e a população de um modo geral SOLIDÁRIA.

Eu, que não via sentido algum em fazer greve de apenas um dia, terminei o dia com a opinião totalmente contrária. Sério, achei a greve o máximo. Tudo ORGANIZADO, sem algazarras, quebra-quebra ou violência e ainda com comemoração no final.

Pode ter sido “para a televisão ver”?
Pode.

Vai fazer o governo cancelar todas as medidas anunciadas?
Não sei, pouco provável...

Mas o recado foi dado: as pessoas tem poder e, com força de vontade e disposição, conseguem se unir para reivindicar os seus direitos.

“A cantiga só é arma se a luta acompanhar”


Observação: Que fique claro que eu não sou cientista política, economista, ligada a qualquer partido político ou o que seja. Apenas escrevo o que penso com base no que leio e vejo por aí.

24 novembro, 2010

Retrato quase diário

É mais ou menos assim, toda segunda, quarta e sexta:

O despertador do celular toca às 7h20
Aciono o modo “soneca” e ele volta a tocar às 7h30
O primeiro pensamento: “hoje não”
Que vem seguido do “estarei jogando dinheiro no lixo”
Me pergunto de quem foi a ideia
Lembro que foi minha
Cogito mudar de turma
Lembro que os colegas são legais
E o professor é o melhor que já tive
Levanto
Piloto-automático total
Não por acaso, a mala foi arrumada na noite anterior
Mais ou menos 7h45 saimos de casa, Marido e eu
Caminhamos até o clube
Que fica do outro lado da rua
De novo: não por acaso
8h alongamento para aquecer
8h05 entro na piscina
A água sempre está menos quente do que eu gostaria
Enfim acordo ao nadar os primeiros 50 metros
8h45 a aula acaba
O coração está disparado
Cinco minutos de alongamento
Mais ou menos às 9h30 volto para casa
Respiração ainda ofegante (oi, eu tenho asma)
Pernas um pouco bambas
Braços meio pesados
Tomo café da manhã
E o dia começa com uma certeza:
Escolher a turma das 8h da manhã foi a melhor decisão de sempre.

23 novembro, 2010

Época das castanhas

Dias atrás – 11 de novembro – foi dia de São Martinho, data na qual se realiza o magusto, uma festa popular onde amigos se juntam para fazer fogueira, assar castanhas e beber água-pé ou jeropiga (vinhos novos, um pouco aguado).

Conta a lenda que num dia muito chuvoso São Martinho passou por um mendigo nu e, não tendo nada para lhe oferecer, cortou um pedaço da sua própria capa. No momento em que o santo entregou o pano ao homem, a chuva parou imediatamente. Daí que em Portugal é normal se dizer que em novembro acontece o Verão de S. Martinho, uma subida de temperatura – que transita na casa dos 20, 23 graus em pleno outono.

O magusto marca o início do frio e, para mim, não tem símbolo maior de que o verão acabou mesmo do que ver castanheiros nas ruas (tipo carrinho de pipoca em Sampa, sabem?). Eles só aparecem quando esfria. Uma fumaça se espalha, como se fosse neblina, e um cheiro bem específico toma conta do ar. Cheiro de castanhas quentinhas, para comer enquanto se espera pelo autocarro, no metro ou assim que se chega em casa.

A Jú e eu, no magusto do ano passado na casa do João

22 novembro, 2010

Para começar a semana doce!

Quando alguém diz que algo é o melhor do mundo, a gente desconfia, não é mesmo? À primeira vista, uma loja que se auto-denomina "o melhor bolo de chocolate do mundo" parece um bocado pretensioso... mas posso falar? O bolo deles faz jus ao nome que tem. Sério. É muito bom. Completamente diferente do floresta negra ou bolo de brigadeiro que estamos acostumados, está mais para uma mistura de torta com mousse em várias camadas que derrete na boca. Sensacional.
Se passou pela sua cabeça "puxa, agora terei que ir até Lisboa para provar" olha que engraçado: apesar de ser uma marca portuguesa, com apenas uma loja pequenina com duas mesas e quatro cadeiras no bairro Campo de Ourique, a marca já está na Espanha, Estados Unidos e - onde? onde? - Brasil (leia-se São Paulo, Rio e Brasília, que eu lembro...)! É isso mesmo. Tem muito mais lojas fora do que dentro de Portugal.

Agora, a minha experiência. Comi o bolo pela primeira vez no ano passado, durante no Festival de Chocolate de Óbidos - uma cidade medieval a uns 100 km de Lisboa. Só bem depois descobri que o bolo tinha uma loja e tudo, em Lisboa. Corri para lá.

Primeiro quase não encontrei, porque é mesmo pequena. Uma portinha e mais nada. Segundo fiquei inconformada, afinal, para o melhor bolo de chocolate do mundo fazia sentido um lugar com mais espaço, então me redimi: em meia hora que fiquei lá dentro, saboreando a minha fatia, perdi a conta de quantas pessoas entraram e saíram com um bolo inteiro. E não é pronta-entrega não, as encomendas tem que ser feitas com pelo menos uma semana de antecedência.

Quem provar - onde quer que seja - depois me diga se não está entre os melhores do mundo.
http://www.omelhorbolodechocolatedomundo.com/

19 novembro, 2010

Lisboa sitiada

Acontece entre hoje e amanhã em Lisboa a Cimeira da Nato ou, em brasileiro, a Cúpula da Otan, onde presidentes e representantes de quase 30 países vão discutir os próximos passos das ações da Otan. Em tese, o evento ocorrerá na região do Parque das Nações. Na prática, a cidade inteira está em estado de sítio. Desde ontem o trânsito de algumas ruas foi condicionado, o tráfego aéreo diminuiu e empresas que puderam, deram tolerância – aka dia de folga – aos seus funcionários.

Os veículos de comunicação deram bem o recado. Foi tanto alarde a semana inteira sobre as froteiras com a Espanha fechadas, a maior fiscalização nos aeroportos, os suspeitos que não conseguiram entrar no país e o aumento do efetivo policial para manter a ordem que resultou em uma coisa: Lisboa está vazia.

É claro que há algumas manifestações contra a cimeira agendadas, principalmente para a tarde de sábado, mas só aquelas que – pasmem – foram autorizadas pela Câmara Municipal previamente. Detalhe: todas a quilômetros de distância do Parque das Nações.

Fico com a impressão de que é tudo um circo, uma grande encenação. Portugal deixa a crise financeira que está atravessando completamente de lado e faz com que as suas pessoas não saiam de casa. Assim fica bem na fita e aparece nas notícias como um grande anfitrião.

Sabe aquele ditado que diz “fulano come sardinha e arrota caviar”? Então...

02 novembro, 2010

As maravilhas de Portugal

Tem texto novo meu como correspondente publicado no portal DestaqueSP. Dessa vez escrevi sobre os monumentos e as paisagens escolhidas pelos portugueses como as suas maravilhas e fiz uma feliz constatação: das 7 Maravilhas (os monumentos) eleitas, já visitei seis, e das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, já estive em duas.

Dos monumentos, os que eu acho mais bonitos são os mosteiros de Jerônimos e da Batalha. Alcobaça eu acho um charme, a cidade toda, assim como Óbidos. Belém é visita obrigatória com todas as visitas que passam aqui em casa, então nem conta... :) Só falta desbravar Guimarães e as maravilhas naturais, que por enquanto eu só conheço o Portinho da Arrábida e as Grutas de Mira d'Aire.

Para ler e viajar um pouco por Portugal, cliquem aqui.