31 janeiro, 2014

Dica ecológica: consertar em lugar de comprar

Estamos vivendo numa época que é mais prático e barato comprar uma televisão nova, em vez de mandar consertar a antiga porque o controle remoto parou de funcionar. Isso acontece por muitos fatores: o poder aquisitivo das pessoas aumentou, o preço de objetos antes de desejo agora é mais acessível e a mão de obra qualificada para trabalhos tão específicos está cada vez mais escassa.

Isso é um fenômeno que tem até nome: obsolescência planejada. E já vem de longe, como mostra o documentário "The Light Bulb Conspiracy", de Cosima Dannoritzer. Na Espanha o título mudou para “Comprar, tirar, comprar” e em Portugal para “A História Secreta da Obsolescência Planeada”. Recomendo muito que assistam, pois é impressionante. Me surpreendeu descobrir que as meias-calças (que hoje são praticamente descartáveis) duravam uma vida inteira. Assim como as lâmpadas.



Acho que o exemplo mais nítido dessa obsolescência nos dias de hoje são os celulares e smartphones, que em poucos meses os próprios fabricantes lançam novos modelos que deixam os “antigos” desatualizados.

Aqui em casa, tive uma longa conversa com Marido para convencê-lo a mandar arrumar a televisão e a nossa câmera fotográfica reflex. Em nenhum dos casos o preço foi o equivalente a um novo. Mas por bem pouco, admito.

No caso específico da câmera, fizemos orçamento em dois agentes autorizados pela Canon em Lisboa e em ambos recusaram o trabalho, porque teria que ser muito minucioso e ainda havia o risco do resultado não ser satisfatório.  

Em Madri, andando pelo bairro onde moramos, descobri um escritório da Canon. Lá fui eu com a câmera, para uma terceira avaliação. Aceitaram consertar e ela funciona direitinho, quase como nova.

Se a ideia de consertar não convenceu, assista ao vídeo. Como diz a diretora do filme, reciclar, sim, é muito importante. Mas mais importante que isso é gerar menos lixo, prolongando a vida dos nossos objetos.


28 janeiro, 2014

Estudar espanhol em Madri



Como muitos brasileiros, quando cheguei a Madri, jurava que falava espanhol. Eu já tinha viajado à Espanha umas tantas vezes, conheço um montão de gente que fala castelhano e até já tinha lido alguns livros na língua. Mas foram preciso só algumas horas como nova moradora de Madri para me sentir a maior analfabeta do mundo. Ou... como muitos brasileiros, super fluente em portuñol.

[Um parênteses]:

Em 2005, eu morei em Victoria, no Canadá. Dos seis meses que passei lá, frequentei escola de idiomas apenas dois meses e meio (10 semanas). No resto do tempo, praticava inglês trabalhando como babá (au pair), lendo ou conversando com as pessoas. Foi uma experiência muito válida. Voltei pro Brasil falando inglês incomparavelmente melhor, ouvindo bem, ainda era uma tartaruga para ler e escrevia mais ou menos. No geral, eu me virava, mas precisei seguir estudando muito para melhorar minha fluidez.

[Fecha parênteses]

Eu não queria que com o espanhol acontecesse o mesmo. Pelo contrário, queria aprender bem a língua, de modo que pudesse ler, escrever, ouvir e falar fluentemente. Eu não queria apenas me fazer entender no mercado ou na farmácia. Queria dominar tão bem o espanhol que pudesse trabalhar com ele como jornalista.

A solução, então, foi me matricular numa escola de espanhol para estrangeiros.

Japão, Brasil, Turquia, Suíça, EUA e China

[Outro parênteses]:

Aqui na Espanha, além das escolas particulares, existe também a opção de aprender idiomas em escola pública – a Escuela Oficial de Idiomas, que tem várias unidades pelo país. O preço é mais acessível e a carga horária diária é menor, o que permite que o aluno trabalhe e estude. As vagas para o curso de espanhol são muito concorridas e os cursos são quadrimestrais, de setembro a janeiro ou de fevereiro a junho.

Nós nos mudamos para Madri em abril, o que significa que eu só poderia entrar numa Escuela Oficial em setembro.

[Fecha parênteses]

Como eu não queria esperar tanto tempo, fui atrás de uma escola particular. Meu primeiro filtro foi pedir informações apenas às escolas filiadas ao Instituto Cervantes.

Comparei carga horária, o programa que ofereciam, a localização, opções de horário das aulas, as instalações e, claro, o preço. Como o espanhol e o português são muito parecidos, em todos os testes de nível de conhecimento que fiz, eu aprovava nos dois níveis mais básicos (A1 e A2). Mesmo sem nunca ter estudado espanhol na vida. De cara, eu descartei as escolas que sugeriram que eu entrasse no nível B2 (itermediário alto) porque perderia muita coisa de gramática no meio.

Alunos de França, Itália, Brasil, Suíça, Rússia e Taiwan e as profes

No fim, escolhi o curso super intensivo da Enforex, de 30 horas/ aula semanais. Todos os dias, eu tinha quatro horas de aula de gramática e conversação, uma hora de aula de cultura espanhola e uma hora que era o “super intensivo”, na qual a professora trabalhava a cada dia um ponto fraco do aluno. Era praticamente uma aula particular. Para mim, fez toda a diferença.

Em 16 semanas (de maio a setembro de 2012), eu passei pelos níveis B1, B2 e C1 (o nível avançado). Foi um bom investimento, de tempo e dinheiro, que rendeu seus frutos. Aproveitei que estava com tudo fresquinho na cabeça e, em novembro, fiz a prova para o diploma de proficiência do Instituto Cervantes, o DELE. E aprovei :)

Meu último dia de aula, com amigos da Itália, Brasil e Polônia

Um bônus do curso foi ter convivido com pessoas de todo o mundo. Conheci gente incrível nesses quatro meses. E como costumávamos dizer, o melhor da aula acontecia fora da classe. Nos bares, festas, piqueniques, jantares e passeios.

Depois da Enforex, eu fiz dois cursos numa Escuela Oficial. O de espanhol acabou sendo uma revisão do que eu já tinha visto na escola particular. O segundo, de tradução, achei excelente.

Gostei de ter estudado nela para conhecer outro tipo de estudante. Enquanto nas escolas particulares os alunos estão em ritmo de férias e contratam o curso por semanas. Era muito dinâmico: toda segunda-feira havia aluno novo na turma e toda sexta-feira era despedida de alguém.

Já na Escuela Oficial é mais amarrado. O valor pago equivale ao semestre inteiro e os estudantes de espanhol são, na maioria, imigrantes que já vivem aqui há algum tempo.



Hoje eu ainda falo com um super sotaque brasileiro e me enrolo para pronunciar o "eRRRRe" como se deve, mas posso dizer que o objetivo proposto foi atingido. O castelhano para mim soa tão natural quanto o português. 

23 janeiro, 2014

Dica ecológica: use a criatividade, reutilize objetos

No escritório: ex-lata de sopa e ex-caixa de cereais
Agora: porta-canetas e lixinho reciclável de mesa

Eu adoro entrar nessas lojas de tranqueiras para casa e escritório. Sabe suporte para celular, “enrolador” de fios, porta-bugigangas, kit para cupcakes, para biscoitos e outras coisinhas mil? Fico com vontade de comprar tudo. Olho para o preço e desisto. Não que não valha o preço que pedem. É que sendo muito sincera comigo mesma, eu não preciso de nenhuma daquelas coisas ou posso encontrar substitutos em casa mesmo.

Um exemplo: no fim do ano passado, visitei uma amiga e achei super bonito o arranjo natalino que enfeitava a mesa. Ela, prestativa, me disse a loja que tinha comprado. Ao voltar para casa, me lembrei das velas artesanais que tinha ganho e ainda não tinha usado. Peguei um prato que ficava na mesa de centro da sala, “roubei” algumas pinhas da árvore de Natal e voilá: arranjo natalino a custo zero.


Com um pouco de criatividade, nós encontramos inspiração o tempo todo, em todos os lados. Às vezes produzimos coisas super legais que nem sabíamos que éramos capazes. Outras fazemos um quebra-galho, que mais parece trabalho de Educação Artística do primário. Mas cumpre a função igual, que é o que importa.

Com isso, geramos menos lixo, economizamos dinheiro e recursos naturais. Aqui em casa, outro fator que conta é o da praticidade. A qualquer momento, podemos nos mudar de casa ou de país e não teremos espaço nas malas para levar todos os objetos do mundo.

Para mim, será menos dolorido (a apegada!) me desfazer de vidros de café solúvel que foram transformados em porta-cereais do que se eu tivesse comprado um jogo daqueles que vem escrito “café”, “açúcar”, “feijão”, “arroz”, por exemplo. 


Sabe quando vamos naquela feijoada na casa da mãe e, no fim, ela distribui marmita para todo mundo? Donana costuma ter um estoque de embalagens de sorvete para esse fim, assim não precisa ficar cobrando os potinhos que nunca são devolvidos.

A ideia desse post não é que a gente se transforme no maior mão de vaca do mundo. Não. É só que a gente se pergunte, antes de comprar por impulso ou por empolgação, se aquilo realmente vai ser útil ou se ficará no fundo de uma gaveta qualquer. Se a resposta for a segunda, então melhor reutilizar alguma coisa que já tem em casa mesmo, não acham?

De embalagem de xampu a suporte pra carregar o celular,
um oferecimento Pinterest  :D

20 janeiro, 2014

Bodas de Perfume

Era uma sexta-feira chuvosa de dezembro. E para que fique registrado, chuva em Madri é algo atípico, mesmo no inverno. Saíamos do museu Reina Sofia quando o Marcelo tirou essa foto e publicou-a no seu instagram com a seguinte legenda:  

“Um o mundo do outro. E de braços abertos a todo mundo”
Doze palavras.
Um único significado.
E eu nem imaginava que era assim tão explícito... :)

Ontem completamos seis anos de casados e achei que a foto tinha tudo a ver para ilustrar o post. Junto com esse trecho de Sam Keen*: 
“O requisito do amor duradouro é seguir prestando atenção na pessoa que já conhecemos bem. Prestar atenção é, fundamentalmente, o oposto de dar por garantido; Dar por garantido é a principal causa de mortalidade das relações amorosas”.
Então, para este aniversário - e para todos os próximos - o meu desejo é que a descrição que o Marcelo nos deu continue fazendo sentido. E que a gente continue prestando atenção um no outro. Sempre.
  

* tradução livre minha da versão em espanhol.

16 janeiro, 2014

Dica ecológica: hortas caseiras

Na semana passada eu escrevi sobre o consumo de alimentos orgânicos e algumas opções que existem para comprá-los. A dica desta semana vai no mesmo sentido, consumir alimentos livres de agrotóxicos, plantados por você.

A horta madrilena mirradinha por causa do inverno

E antes que alguém fale algo, assumo: eu, assim como muitos que lêem este blog, sou super urbana, vivo em apartamento e até pouco tempo atrás estava mais para “assassina de plantas” do que para “pessoa que cultiva a própria comida”.

Bem... eu ainda estou bem longe desse segundo estágio, mas já deixei de matar todas as plantas e aprendi a cultivar temperos :) Aqui em casa há pelo menos um ano não compramos salsa, porque sempre tem plantado. Também já cultivamos coentro, cebolinha, manjericão, alecrim, hortelã e pimenta.

Na prática, como eu faço?

Uso floreiras, daquelas que ficam penduradas na grade da varanda, e vasinhos na janela da cozinha. Numa pesquisa rápida no google imagens ou no pinterest vocês encontram muitas formas de montar uma horta doméstica, independente do espaço.


Na janela da cozinha

Se você mora numa casa com quintal e espaço para muitos vasos ou tem um sítio com terra para poder plantar o que quiser, sinta-se privilegiado :)

Outra opção, como bem lembrou a Aline, são as chamadas hortas comunitárias, que é um terreno disponível no bairro utilizado pelos próprios moradores. Em Lisboa isso estava ganhando cada vez mais popularidade. Aqui em Madri eu não vejo tanto, mas seguramente também existe. Em São Bernardo, a Aline falou de uma no Bairro Assunção.

A horta lisboeta

Se essa é uma boa opção para você, procure se informar no seu bairro. Na associação cultural, se tiver, com o dono da banca de jornal ou na padaria. Pessoas que trabalham nesses lugares sempre sabem das coisas.

Para terminar, vale dizer que o simples fato de se plantar a própria comida não faz dela orgânica, livre de agrotóxicos. Isso vai depender do tipo de semente que se compra, da terra que se utiliza, do tipo de adubo que se aplica e de que maneira se vai tratar os bichinhos que invariavelmente vão aparecer. 

É um aprendizado constante. Tem que ler cada rótulo, buscar vendedores de confiança e fontes de informação igualmente confiáveis. 

14 janeiro, 2014

Retrospectiva 2013

Janeiro que se preze tem que ter retrospectiva entre os post do mês, certo? Eu adoro reviver de uma tacada só todos os momentos especiais do ano que passou. E 2013 teve muitos! Muito aprendizado, realização de sonhos, o nosso emagrecimento, reencontros, visitas, passeios e tanto mais. Dos perrengues a gente não tira foto, mas é justamente por causa deles que as boas lembranças fazem nos sentir ainda melhor. Para mostrar que sempre vale à pena e que a vida é uma fanfarrona linda :)

Ano passado eu já acabei – forçada pelo computador que não cooperou – com a “tradição” de videozinho by moviemaker. Este ano até fiz um pelo instagram, mas a resolução fica tão baixa para colocar no blog (dá para ver aqui)... Então resolvi adotar um modelo* novo: a retrospectiva fotográfica mês a mês. Vamos ver como fica :)

Em janeiro fomos comemorar as nossas Bodas de Madeira pelos cinco anos de casados em Bilbao, no norte da Espanha, no País Vasco. Passamos um fim de semana, de sexta a domingo. A cidade é incrível e vai muito além do Guggenheim. As pessoas são simpáticas nível: se quiser pedir informação a alguém tenha pelo menos 30 minutos livres para conversar. E a comida é um espetáculo à parte.




Fevereiro foi um mês tranquilo por um motivo: março nos reservava dois grandes eventos.

O evento número 1 de março foi passar o Saint Pratrick’s Day na Irlanda. Essa viagem ainda vai ganhar uma série de posts porque foi incrível. Amei a Irlanda. Saímos de Madri e lá encontramos os nossos amigos Fabi e Vésper, que estavam viajando pelo Reino Unido.

Tiramos um dia para fazer uma road trip até os Cliffs of Moher e Galway e os demais dias passamos em Dublin. No dia de Santo Patrício em si, participamos do People’s Parade, que é uma espécie de comissão de frente que abre o desfile oficial. Foi super divertido. Para quem pretende um dia passar o St. Patrick lá, super recomendo. É um um baita city tour sob outra perspectiva.


E o evento número 2 foi nossas Férias no Brasil. Teria que colocar mil fotos, com todos os amigos, mas vamos deixar a das famílias, que é a base de tudo. Aqui estão os Machado’s e os Tonon’s todos juntos, misturados e lindos. Sabe amor?



Abril também teve dois momentos muito especiais. O primeiro foi a realização de um grande sonho, tanto meu quanto do Marido. Conhecer Machu Picchu estava no topo da minha lista de desejos muito antes de imaginar que eu viveria na Europa. Foi uma viagem linda e muito especial. Tenho que – e irei em breve, prometo! – sentar e escrever sobre ela com a devida riqueza de detalhes.


O segundo ponto alto de abril foi encontrar os meus irmãos Beto e Vanessa no Porto, em Portugal. Eles iam fazer o Caminho de Santiago e Marido e eu fomos passar o fim de semana com eles, antes da peregrinação.



Maio é o mês do aniversário do Marido.



 Além disso, foi o mês das visitas. Primeiro recebemos o Jeferson, amigão para todas as horas.



Depois a Jana e o Dirceu, dois queridos que conheci durante o mestrado em Lisboa.


E por último a Talita e o Paulo, primos e amigos que são quase nossos gêmeos :)



Em junho aproveitamos o convite de casamento da Houda e o aniversário por comemorar do Marido e transformamos isso em uma grande desculpa para explorar o Marrocos. Como eu já contei, é um país que eu não sentia muita curiosidade em visitar. Foi uma feliz e sensacional descoberta.



Em julho se casou outro casal de amigos. A Nat e o Vasco, dessa vez em Lisboa. Aproveitamos para visitar os nossos cantinhos preferidos e rever os amigos. No nosso último dia por lá, a Leda e o Bruno dirigiram mais de 100 km só para nos encontrar. Fomos com eles a Tróia (uma praia a uns 40 km de Lisboa) e passamos um dia super agradável. 



No auge do verão em agosto fomos renovar as energias em Arcos de la Frontera, em Andaluzia, no sul da Espanha. 


Setembro foi marcado por aquela constante na vida de um expatriado: dar tchau pros amigos que vão desbravar novas terras.


E, na mesma proporção e intensidade, fazer novos velhos amigos :)


Outubro é o mês mais legal do ano :) e teve o melhor presente de aniversário que eu poderia receber: a visita da minha Maria.



Aproveitamos o feriado prolongado de Dia de todos os santos, em novembro, e fomos em uma excursão conhecer as Astúrias, no norte da Espanha. Fiquei encantada com a beleza de lá e com todas as opções de esportes que dá para fazer em contato com a natureza. Um dos passeios que mais gostei foi uma trilha de bicicleta em um parque natural perto de um povoadinho super fofo.  Um aviso: vá para lá com disposição para comer muito!




Em dezembro o Papai Noel trouxe de presente a visita do Marcelo, meu amigo mais viajado e que me inspira desde 1995 e contando :)


Pra terminar essa retrospectiva, a maior conquista de 2013: o nosso emagrecimento. Foi trabalho de formiguinha e de muita paciência. Não teve cirurgias, remédios, nem dietas restritivas e milagrosas. 

O que, sim, teve foi mudança de hábitos alimentares – mantivemos tudo, inclusive doces e álcool, só que em menor quantidade, substituindo tranqueiras por alimentos mais saudáveis. E exercício físico constante. No meu caso, natação três vezes por semana e, no do Marido, natação e corrida. Ao longo do ano emagrecemos praticamente 40 quilos, 11 meus e 27 dele.

Reveillon de 2012 e de 2013: um ano de diferença e quase 40 Kg mais leves

Desejos para 2014? Que a gente continue saudável, que saiba aproveitar cada instante e que, em janeiro do ano que vem, a gente constate que viveu pelo menos um momento especial por mês, como aconteceu em 2013 =)



* Minha inspiração veio lá do 13 anos depois..., da Mirelle Siqueira, que escreve de um jeito envolvente sobre suas viagens e a vida em Lyon, na França.

09 janeiro, 2014

Vai uma Dica Ecológica aí?

Quinta-feira é o dia que recebo em casa a cesta de produtos orgânicos que compro direto de um produtor aqui em Madri, com legumes, verduras e frutas da época super fresquinhos. Que ótima oportunidade para aproveitar a vibe de ano novo, posts novos e retomar a seção semanal de Dicas Ecológicas aqui no blog, não é? :)


E justo hoje uma amiga compartilhou uma reportagem do Globo Repórter sobre a quantidade de agrotóxicos que os produtores usam nas plantações. Segundo um professor entrevistado, além de lavar as folhas de saladas muito bem lavadas, é preciso deixá-las de molho por 40 minutos em bicarbonato de sódio, voltar a lavar com água, e depois deixar outros 40 minutos de molho no vinagre.

A dica está meio óbvia, ne? Compre, sempre que seja possível, produtos orgânicos. Eles são mais saudáveis, não contaminam os solos nem a água.

Eu sei que tem a questão do preço, mas nem sempre ele é muito mais alto. Ou, pelo menos, impeditivamente mais alto. Você pode começar com um produto por vez – aquele que estiver mais barato naquela semana – e ir aumentando aos poucos.

Ou pode buscar outras alternativas. Aqui em Madri, eu compro do Tu Huerto Ecológico, que é uma chácara que está nos arredores da cidade. Semanalmente uma pessoa de lá envia por email uma lista dos produtos que estão maduros. Às quartas eles fazem a colheita e às quintas entregam.

Aqui em casa, ao invés de escolher toda semana o que comprar, optamos pelo serviço de cesta mista. Dá para conferir o que virá na cesta na internet, mas Marido e eu preferimos a surpresa. Quando chega a cesta, descobrimos quais serão as nossas refeições da próxima semana. Está sendo divertido, sobretudo porque estamos provando coisas que por vontade própria não compraríamos, como acelga, repolho ou abóbora.
  
No nosso caso, o preço que pagamos na cesta é praticamente igual ao que pagaríamos se fizéssemos a mesma compra na quitanda que tem mais perto de casa.

Em Lisboa, eu testei um serviço parecido, mas como vivia ao lado de um mercado municipal, o preço não valia à pena. O que fazia naquele caso era comprar da barraquinha que oferecia produtos locais.

Porque também precisamos levar em conta que custa caro ter o “certificado” de produtor orgânico, e que nem todos que tem uma hortinha no quintal podem pagar por ele, ainda que não utilize agrotóxicos em seus produtos.

O ponto é: só descobrimos isso comprando do próprio produtor. E por mais que isso soe como algo do século passado, é um hábito que pouco a pouco está retomando a sua força.

Resumindo: sempre há opções. Só precisamos encontrar a que melhor se encaixa ao nosso perfil. Quanto mais procura existir por produtos orgânicos, mais os produtores terão que se mexer para deixar de usar tantos tóxicos. Assim espero :)

08 janeiro, 2014

Iniciativa bacana


O post de ontem sobre como os espanhóis celebram as festas de fim de ano ficou tããããão grande que acabei não comentando uma iniciativa em Madri que eu acho super-ultra-master-mega-legal: o Navibus, que é um ônibus que circula pelas principais ruas da cidade, para mostrar a decoração natalina, durante todo o mês de dezembro até o Dia de Reis.

Longe de ser algo estilo “pega-turista”, é um passeio bem bacana, a um preço justo: € 2. Lembrando que a passagem regular de ônibus custa € 1,50.


O trajeto do Navibus começa na praça Colón (na altura da calle Serrano, 30) e dá uma volta pela região da Gran Vía, bairro Salamanca e arredores. O passeio dura cerca de uma hora e ao mesmo tempo que você vai vendo a cidade toda enfeitada, aproveita para admirar a arquitetura de Madri, que é de cair o queixo ;)

Fico imaginando algo assim em São Paulo. Sei que já existem iniciativas parecidas, mas com preços ainda inflacionados e pouco divulgadas. Não vai resolver o caos no trânsito, mas ajudaria a melhorar, pelo menos um pouquinho, não acham?



Fica a dica para a SPTrans colocar em prática no Natal de 2014 :D




07 janeiro, 2014

Feliz Ano Novo!

Dia desses eu descobri o blog* de uma brasileira que vive em Londres e passei um tempão lendo seus relatos na terra da Rainha. Durante a leitura, me dei conta que com a mudança de Portugal para Espanha, o ritmo de vida mudou, as minhas ocupações também e eu parei de escrever justamente sobre o que mais gosto: cenas do cotidiano.

Usando isso como inspiração, uma das minhas resoluções para 2014 é voltar a escrever com mais frequência no blog e contar como é “vivir la vida loca” em Madri.


Mais textos e  muito brilho em 2014 :)


E nada mais propício do que colocar a resolução em prática no primeiro dia útil do ano, não é mesmo? :)

Kelli, segunda-feira foi ontem, como que o primeiro dia útil do ano é hoje?

Pois é. Aqui na Espanha, quem traz os presentes de Natal são os Reis Magos. E o Dia de Reis (6 de janeiro) não é só o dia de comer grãos de romã e de desmontar a árvore de Natal. É feriado nacional, é o dia de estar com a família, de abrir os presentes e de celebrar.

A Cabalgata de 2013, no centro de Madri

Na noite anterior, os pais costumam levar as crianças para ver a cabalgata, que é um desfile com muitos personagens infantis, encerrado pelos Reis Magos. Baltazar – o negro – é o preferido entre as crianças. Não me perguntem o porquê...

Nesse noite as crianças deixam os sapatos na janela, com água para os camelos e biscoitos para os Reis Magos e vão dormir cedo. Se tiverem se comportado bem durante o ano que passou, ganham presentes. Do contrário, os Reis deixam carvão.

Acreditam que nas lojas vendem doces em formato de carvão? Tenho a maior curiosidade de passar um Dia de Reis com uma família espanhola com crianças, só para ver a reação delas ao abrir um pacote de carvão. (porque com certeza deve ter aquele parente que coloca carvões só para brincar). 

Mas então não tem Natal? Tem sim :)

Na noite do dia 24 – que é batizada de nochebuena (noite boa) – eles costumam jantar em família e até já trocam presentes. Como temos amigos espanhóis de diferentes gerações chega a ser engraçado ouvir o discurso dos mais velhos dizendo “quando eu era pequeno, não existia Papai Noel”, enquanto os mais novos esperam por presentes nos dias 25 e 6.

Árvore de Natal, na Puerta del Sol

Com a influência americana, hoje em dia existe Papai Noel e árvores de Natal nas decorações de muitas casas, mas tradicionalmente o enfeite mais representativo é o presépio (que em castelhano se chama belén).

Já a nochevieja (noite velha) é a última do ano. À meia-noite, a cada uma das 12 badaladas, se come uma uva, para ter sorte todos os meses do ano. É muito engraçado porque não tem queima de fogos, abraços, brindes, nada. Nos primeiros doze segundos do ano novo, as tevês estão sintonizadas na transmissão ao vivo do relógio da Puerta del Sol, no centro de Madri, e todo mundo está super concentrado em comer as uvas.

12 uvas e vinho rosé, para o brinde em seguida

Depois, sim, todos se abraçam, brindam e festejam até raiar o dia. Dentro de casa, claro. Porque o inverno está no seu melhor momento.

*A brasileira que vive em Londres é a Helo Righetto e o blog que eu me deliciei lendo é o Básico e Nacessário. Ela também escreve no Aprendiz de Viajante, que é ótimo para planejar roteiros de viagens. 

24 dezembro, 2013

Então é Natal... (já?)

Natal antecipado, dez/2012

Olho para esta foto e penso “parece que foi ontem!”

E assim passou um ano.

E quanta coisa aconteceu em 2013.

Só nesta foto tem mudanças para mais de metro.

Teve quem voltou para casa – seja lá onde “casa” esteja –, teve quem passou uma temporada no Brasil, teve os que foram para outros países. Argentina, Inglaterra, Peru, França, Japão e outros que com certeza estou esquecendo.

E, claro, também teve os que continuaram em Madri – presente! o/

Mas que nem por isso tiveram um ano menos intenso =)

E assim passou um ano!

Um ano generoso, frenético e completamente de ponta cabeça.

Mas dizem por aí que é quando a vida nos vira do avesso que encontramos o nosso lado direito, não é?

Bora lá, então, ver o que 2014 nos reserva. 

Para os amigos que passam por aqui, meu mais sincero desejo de Boas Festas!