29 junho, 2011

Onde está a noção?

Meses atrás, uma tia veio nos visitar em Lisboa e me deu várias revistas brasileiras, tinha edições de Época, Veja e Cláudia. Dia desses estava lendo a Cláudia e fiquei impressionada com as sugestões de compras indicadas lá. Não havia nada por menos de 100 reais. Quando custava 80 era uma camisetinha bem simples ou algum acessório pequeno. Ao passo que vivendo aqui em Portugal eu tive o prazer de conhecer os saldos, que nos permite comprar vestido da Pierre Cardin por 20 euros, blusinhas da Zara por cinco e muitas outras coisas de qualidade por preços acessíveis.

Daí eu comecei a associar com vários textos que li sobre o quanto o Brasil anda caro, sobretudo São Paulo. A Super Interessante publicou tempos atrás uma matéria sobre porque tudo custa mais caro no Brasil (leia aqui). A Adriana Setti já relatou a experiência dela quando esteve de férias na terrinha (leia aqui) e tem esse outro texto, da Lucy, que além dos preços altos também fala sobre um determinado bairro de São Paulo, povoado por gente que acha chique andar de metrô em Paris – um dos mais fedidos e mais velhos do mundo –, mas boicota a criação de uma nova estação em São Paulo, porque vai atrair gente diferenciada para perto de suas casas.

Na minha última viagem ao Brasil, em 2010, fiquei impressionada com o preço das coisas. Quaisquer dois salgados e duas bebidas em qualquer lugar que Marido e eu fôssemos custava pelo menos 20 reais. Por duas coxinhas e dois sucos naturais, gente. Muitas coisas, mesmo convertendo para euro estavam um absurdo de caro.

Não é à toa que amigos quando vem para Europa perdem o respeito pelo cartão de crédito. A minha irmã mesmo, que está bem longe de ser uma consumista, fez a festa em lojas de produtos de beleza. Ela convertia e se divertia.

A gota d’água de todo esse raciocínio veio com os anúncios de que o Cirque du Soleil vai se apresentar em Lisboa e em São Paulo. O detalhe é que os preços dos ingressos são incrivelmente mais caros no Brasil. Enquanto em Lisboa, os preços vão de 35 a 65 euros, no Brasil vão de 140 a 360 reais (sem contar a área VIP, que aí eleva o valor para quase R$ 600). Convertendo, o lugar mais caro aqui equivale ao mais barato de todos em São Paulo. Eu já tinha feito exatamente a mesma comparação em 2008 aqui no blog.

Para vocês terem uma ideia de como aqui não há uma alucinação por tudo o que vem de fora, em 2009, o show deles foi montado num lugar onde só chegava de carro – enquanto nos anos anteriores e posteriores o acesso era de metrô. O resultado foi uma venda tão, mas tão baixa, que uma semana depois da estreia, os ingressos começaram a ser vendidos pela metade do preço, para atrair público.

O mais curioso, para mim, é que no Brasil os ingressos ainda estão na pré-venda e já tem setores esgotados ao passo que aqui, se eu resolver comprar a entrada horas antes do espetáculo, nem pego fila. Bizarro, não é?

Eu só me pergunto: como pode? E a conclusão não pode ser mais triste: enquanto houver quem pague, não haverá razão para tornar o preço dos ingressos mais justo.

28 junho, 2011

Clarice é que sabia das coisas


Imagem tirada do site da Universia, que selecionou 30 frases da escritora Clarice Lispector e criou uma galeria de imagens linda, linda. Vá lá e confira. Fica sendo o meu desejo de que a semana comece bem para vocês também ;-)

20 junho, 2011

Frase

Eu tinha que ter lido essa frase no fim de semana, quando estava surtando com coisas que estão fora do meu controle, no auge da TPM feelings. Enfim, ela só chegou até mim hoje, mas ainda cabe como uma luva:
"Adote o ritmo da natureza. O segredo dela é a paciência"  - Ralph Waldo Emerson
Boa semana para todo mundo.

16 junho, 2011

Fragmentos de um feriado bom

Dia 10 de junho foi o Dia de Portugal e dia 13 o dia de Santo Antônio, o padroeiro de Lisboa. Em outras palavras: a cidade esteve em festa por quatro dias seguidos. Até São Pedro colaborou e reservou dias lindos, com sol e calor para todos que estavam nas redondezas: portugueses, imigrantes ou turistas. 


Como não poderia deixar de ser, fui a um arraial, comi sardinha e bebi vinho da casa servido em jarra de barro. Tudo em mesas arranjadas no meio das vielas de Alfama, o bairro mais antigo de Lisboa. Porque na época dos Santos Populares as ruas são de todos e ganham vida com enfeites coloridos, músicas típicas e pessoas animadas.

Eu só me pergunto como os portugueses conseguem guardar tanta alegria o ano inteiro e só se deixarem envolver por ela apenas um dia por ano.


Também visitei amigos antigos, recebi visitas e conheci pessoas novas. Tudo em clima de “já é verão”. Parece muito para o espaço de quatro dias, mas é daquelas coisas possíveis quando o sol nasce às cinco da manhã e só se põe depois das nove da noite. E eu a-do-ro.

08 junho, 2011

Sintomas de verão

Trocar aquele casacão 7/8 por um casaquinho vindo do Brasil
Trocar as botas por sapatilhas
E conseguir usá-las sem meia-calça
Substituir o edredom pela colcha de retalho feita pela Donana
Dormir sem meias
Os dias começam a ficar mais compridos
Colocar roupa lavada no varal e ela secar em três horas
(no inverno elas levam três dias)
Precisar diminuir a temperatura da água do chuveiro
Cartazes de festivais musicais imperam nos outdoors da cidade
Os cafés voltam a colocar cadeiras nas calçadas
Ir à praia, com roupas de praia
Várias atividades ao ar livre todos os fins de semana
Promovidas por todas as entidades do mundo e para todo o tipo de gente

E por aí vai.

Eu adoro o verão e consigo gostar ainda mais agora que vivo no Hemisfério Norte. Ainda que em Portugal ele comece um pouco antes e termine um tanto depois que no restante da Europa, o fato dele ter data certa para acabar motiva a aproveitá-lo ao máximo.  

Meu único “senão” com relação à estação é que muitas coisas legais acontecem ao mesmo tempo e eu não consigo ir a todas :-)

04 junho, 2011

Por um consumo mais consciente

Esta é a semana do meio ambiente e está pipocando ações em todos os lados sobre a importância de economizar água, proteger a natureza e promover um tal de consumo consciente. Daí eu lembrei que faz um tempãããão que estou para escrever sobre o impacto que esse vídeo do Instituto Akatu teve aqui em casa. 


Tanto Marido quanto eu somos donos de casa de primeira viagem. Nos primeiros meses de casados, desperdício de comida foi inevitável. Levou um certo tempo até descobrirmos a quantidade certa de frutas e saladas para comprar, sem ter que jogar nada fora.

Depois que assistimos a esse vídeo, decidimos acabar com tudo o que havia no armário e congelador antes de comprar coisas novas. Aquele pacote de massa de lazanha que só foi usado uma vez, a lata de chocolate em pó quase vencendo, a farinha de trigo que só tinha sido usada para um bolo, aquele salgadinho de milho que não era gostoso e foi para o fundo do armário e por aí vai. É claro que a regra não foi aplicada para coisas frescas como leite, pão, verduras, legumes e frutas. Isso continuamos comprando semanalmente, em quantidade menor.

No começo até que foi fácil, porque realmente tínhamos muitas coisas que compramos para o caso de usar um dia, mas conforme as semanas passaram, tínhamos que ser cada vez mais criativos. O resultado foi que depois de um mês e pouco o nosso armário ficou vazio e desde então só compramos o que realmente vamos consumir num espaço curto de tempo.

Com a visita dos sogros, no mês passado, os nossos armários e geladeira não ficaram cheios, ficaram abarrotados. O passeio que eles mais fizeram em Lisboa foi ir ao mercado, todos os dias. Quando encontravam um novo, entravam nesse também e, claro, se empolgavam com todas as coisas diferentes que não há no Brasil. Marido e eu tivemos que dizer com todas as letras que aqui em casa nada se joga fora para eles pisarem um pouco no freio. Resultou só um pouco.

Chegava a ser engraçado, porque afinal eles só queriam experimentar coisas novas e nos mimar ao mesmo tempo, mas o consumo consciente passou longe. Pelo menos eles aprenderam a levar a sacolinha de pano para as compras e também fizeram um curso intensivo de reciclagem.  Esse último, outro programa que eles fizeram quase todos os dias: separar papel, vidro ou embalagens (plástico e metal) e levar para o ecoponto, trazendo o saco de volta para ser reaproveitado.

Eu achei super fofo o esforço deles para se adequarem ao nosso estilo de vida. Se eles vão continuar fazendo agora que voltaram para casa, eu não sei, mas já plantamos a semente. Uma coisa é certa: cada vez que eles forem ao mercado lá no Brasil nos próximos meses vão se lembrar de nós dizendo para comprar só o necessário, da mesma forma que nos lembramos deles aqui, cada vez que preparamos uma comida que foi comprada por eles.  

03 junho, 2011

Uma viagem a 2005

Hoje uma amiga que está morando na França ia, pela primeira vez, lavar as roupas na lavanderia coletiva do prédio e estava preocupada com o risco das roupas encolherem na secadora. Pois é... daquelas coisas que a gente fica sabendo pelo Facebook hoje em dia... :) #adoro!

E todas essas recordações por causa dessa foto
 O fato é que isso me transportou direto para 2005, ano em que fui viver seis meses no Canadá. Foi uma viagem tãããão maluca, nem sei como tive coragem. Eu falava pouquíssimo inglês, encontrei a família que me receberia pela internet - ou seja, podia ser a maior furada do mundo (e meio que quase foi...) -, não tive tempo de desbloquear o cartão de crédito e só tinha 250 dólares canadenses em dinheiro vivo (detalhe, depois de seis meses, ainda voltei para o Brasil com 50).

Minha bike de 25 dólares comprada numa garage sale
 
Das lembranças dos perrengues e micos que passei para os textos que escrevi naquela época no meu antigo blog e fotolog foi um clique. E daí que fiz felizes constatações. A mais óbvia foi o quanto a vida evoluiu, eu amadureci, o relacionamento com o então Namorado se solidificou e hoje estamos aqui em Portugal vivendo essa aventura chamada casamento.

20/12/2005: recepção no aeroporto com tudo e mais um pouco
 
A outra feliz constatação foi ver que muitos amigos daquela época, continuam os mesmos hoje. Porque entra e sai gente da nossa vida todos os dias, mas algumas pessoas são como a Raposa e o Pequeno Príncipe, nos cativam de um jeito que nos tornamos eternamente responsáveis umas pelas outras, não importa a distância. 

Amor entregue a domicílio

02 junho, 2011

Vem, verão. Vem!

Junho aqui significa que já é quase férias e quase verão.

E eu mal posso esperar para pisar na areia de novo. Os 28 graus já estão pedindo :-)

No Algarve, na Costa Vicentina, em julho de 2010