12 dezembro, 2012

A tal mudança

Tchau, Lisboa!

Aconteceu mais ou menos assim, uma e outra vez, desde que soubemos que íamos deixar Lisboa.

Marido e eu, mega entusiasmados, contávamos aos nossos amigos:

- VAMOS NOS MUDAR PARA MADRI!

E recebíamos um suspiro como resposta, seguido do comentário:

- Ah, mas vocês vão deixar Portugal?!?!?!?!?!

Foi assim que deixamos Lisboa, depois de quatro anos incríveis: com muitas despedidas dos amigos, dos cafés, dos miradouros, dos 101 pratos com bacalhau, dos pastéis de Belém, do Bairro Alto, entre tantas outras coisas que aprendemos a amar ali.

E viemos de braços abertos para Madri, que já nos acolhe há oito meses e nos presenteia com descobertas a todo instante. Nós, 58 caixas, 7 malas, 2 bicicletas, 1 violão e apenas duas plantinhas que sobreviveram à viagem de 600 quilômetros de caminhão entre as duas cidades.

Olá, Madri!

Como vocês podem imaginar, histórias novas para escrever aqui não faltam! PROMETO que as atualizações no blog serão constantes, para dividir com vocês nossas novas aventuras e perrengues nesse país chamado Espanha.

09 dezembro, 2012

Então é [quase] Natal

Chegou dezembro e, com ele, uma das épocas do ano que mais gosto. O Natal, as confraternizações, os amigos-secreto, o verão no Brasil e as férias de fim de ano. Desde que passei a viver na Europa, tive que resignificar esses dois últimos, uma vez que o inverno por aqui começa a apertar e o fim de ano letivo é só em junho, mas isso agora não vem ao caso :-)

O que quero contar é que uma das coisas que descobri logo que cheguei em Lisboa foi o calendário do advento, que é um calendário que faz a contagem regressiva desde o dia 1º de dezembro até o dia 24. Eu sou daquelas pessoas que super entra no clima, monta árvore de Natal, enfeita toda a casa, ainda manda cartões de Natal pelo correio e assim vai. Quando vi esse calendário pela primeira vez, não tive dúvida e mandei de presente para o meu afilhado. A cada dia aberto, a criança come um chocolate. 


Eu acho a ideia super bacana entre outras coisas porque dá às crianças uma noção de quanto tempo falta até o dia de abrir os presentes. Agora, eu mando para todos os sobrinhos pequenos que tenho. Marido até brinca dizendo que nós seremos tratados como “os tios do calendário de chocolate”. Estando longe das crianças o ano inteiro, tem jeito mais doce e especial de ser lembrada? Eu acho fofo :)

Inclusive, nesse link aqui para o Pinterest tem várias sugestões de calendários do advento que podem ser feitos em casa, no esquema “faça você mesmo”.

29 novembro, 2012

Chegadas & Partidas

Se tem uma coisa que a gente aprende – nem que seja na marra – quando resolve viver fora é: lidar com despedidas constantemente. No Canadá, lá nos idos de 2005, teve um tempo que eu comecei a achar que o universo estava tirando sarro da minha cara: era só eu fazer uma nova amizade, para dali algumas semanas o meu novo amigo deixar a Terra do Gelo.

O ciclo se repetiu uma vez atrás da outra até que eu descobri o remédio para lidar com o “vazio” que ficava a cada tchau: a intensidade. Já dizem por aí que a vida é curta demais pra gente ficar esperando pelo “momento perfeito”. Pois então... a vida de quem está fazendo intercâmbio é mais curta ainda, porque a viagem tem data para acabar.

Então, a cada nova amizade, eu aproveitava tudo o que podia, comprimia meses em semanas e quando chegava o dia do “até já”, parecia que já nos conhecíamos há anos. No meu caso, a intensidade foi tanta que muitas dessas amizades eu preservo até hoje e já tive a imensa alegria de rever muitos desses amigos feitos no Canadá em algum momento nos últimos sete anos.

Em Lisboa não foi diferente. Vivendo ali por quatro anos, Marido e eu cansamos de nos despedir de amigos que vinham e iam. Já estávamos tão acostumados a dar tchau o tempo todo, que nem pensávamos que um dia chegaria a nossa vez. E chegou. E doeu. Doeu porque já nos sentíamos locais, já conhecíamos as paisagens, os cheiros, os sabores e, por mais que estivéssemos super entusiasmados com tudo de novo que estava por vir, sempre batia uma vontade de ficar só mais um pouquinho.

De tudo isso, o maior aprendizado que eu tive foi trocar a pergunta: “Por que nos conhecemos SÓ agora?” pela exclamação: “Que BOM que nos conhecemos!”. Sem contar que o mundo dá tantas, mas tantas voltas que a promessa de um reencontro pode ser inesperadamente cumprida  bem antes do que se imagina.

Já dizia Fernando Pessoa: "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

16 novembro, 2012

Cof, cof...

Em cima: casa velha; embaixo: casa [já não tão] nova

Quase sete meses sem dar as caras por aqui.
Praticamente o mesmo tempo que ocorreu uma grande mudança. Física, emocional, espiritual, de tudo.
As fotos mostram a dimensão das mudanças físicas, enquanto a ausência no blog comprova o turbilhão de emoções que passou no mundo offline nesse período.
Um universo de novidades, que agora estou pronta para poder compartilhar :)

27 abril, 2012

Fecha-se um ciclo

Esta foto está muito atrasada, é do dia 30 de março, mas que merece estar aqui por tudo o que representa.
A dissertação foi entregue e com isso encerra-se um ciclo. Ainda tem a defesa por vir até eu ser Mestra mesmo, mas enquanto esse dia não chega, saboreio o fim dessa etapa e respiro aliviada. Março foi insano, mas acabou ;-)




14 março, 2012

E pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz

Um mundo de coisas acontecendo ao mesmo tempo.
Coisas tão boas. E tão grandes.
Queria que o tempo parasse.
Ou que pelo menos andasse mais devagar.
Só um pouquinho.
Para curtir o momento.
Como se fosse bala de doce de leite derretendo na boca.
Não rola.
A vida atropela. 
Não espera nada. 
Mas dá as opções:
Viva ou Assista.
Eu tô vivendo.

=)

12 março, 2012

Eu [coração] São Paulo

Admito, sou daquelas filhas que fugiu de casa e não sabe se um dia vai voltar. Mas também confesso: de todas as cidades que tenho tido o privilégio de conhecer, é por São Paulo que o coração sempre bate mais forte.

Ação linda que mostra que São Paulo não é só prédios, cinza, séria, apressada e, paradoxalmente, sempre parada no meio do trânsito.


Mostra a minha São Paulo, que recebe todos de todos os lados, funciona de dia e de noite, recebe todos os credos, tem todas as cores e porque tem de tudo, quase colapsa porque não sabe dizer não. Tal e qual um coração generoso. 

19 janeiro, 2012

Portas em automático

Viagem é como casamento, é só marcar que o dia chega.

Eis que a viagem para o Brasil marcada, planejada e esperada desde maio (!) está começando com tudo eu  estou com aquela ansiedade boa, contando os minutos para chegar a hora do reencontro com a família toda.

Já lá se foram dois anos desde a última vez que pisei em terras tupinikins. Juro que se perguntarem, não sei explicar, conscientemente, a razão de tanto tempo longe. Começamos Marido e eu a estudar, mas ainda assim não justifica.

O lado bom disso foi ter recebido a família em peso por aqui, em 2011 :-)

Enfim! Malas que mais parecem o saco do Papai Noel super prontas, leituras de bordo separadas, bem como a calça mais confortável para dez horas de voo, check in online feito e táxi reservado. Agora é #partiu!

O carimbo não mente: já há dois anos sem cruzar o Atlântico

17 janeiro, 2012

Para a semana fluir

Semana de fechar malas e terminar capítulos.
Não necessariamente nessa ordem.
Foco, Kelli. Foco.

Dizem que um pouquinho de inspiração sempre ajuda, não é? Então vamos de Rumi.
“Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.”

14 janeiro, 2012

Mestrado começando a acabar

O meu mestrado está super na reta final. A cada dia a minha dissertação ganha mais páginas e, o melhor: sentido. E isso apesar da minha total falta de disciplina como estudante-que-mais-tira-férias-do-mundo, mas gente, com toda uma Europa para explorar é perdoável, não é?

O mais engraçado é pensar que há poucos meses eu estava completamente perdida, cogitando ficar apenas com o diploma de pós-graduação do curso*. Lembram? Eu queria desistir mesmo da vida acadêmica. Praticamente toda a minha turma estava na mesma vibração até que alguns alunos mais destacados terminaram os seus trabalhos e deram uma super motivada no restante do pessoal.

O novo prazo para a entrega da dissertação está chegando. Volta e meia eu sou tomada por surtos de desesperos, intercalados por momentos no maior estilo “every little thing is gonna be alright”. E assim segue.

O meu plano era ter TUDO pronto agora em janeiro, mas ne... se eu terminasse com dois meses de antecedência que graça teria? Não ia ter a emoção do “será que vai dar tempo?”.

Dentro da minha cabeça, a dissertação está prontinha. Tem capa e tudo. Meu sonho de consumo é que existisse um cabo USB que conectasse o cérebro com a impressora. Não ia ser perfeito? Pularia as fases de sentar, concentrar e escrever, iria direto para a etapa de revisão e, de bônus, eu viajaria para o Brasil na semana que vem sem ter medo da loucura que será o mês de março.

Mas... como o mundo não é perfeito –  #classemediasofre –, podem vir as borboletas no estômago. No fim eu sei que tudo dará certo :)

Os meus livros de cabeceira do último um ano e meio

* Na universidade onde estudo, a Nova de Lisboa, os mestrados tem dois anos de duração. No primeiro ano só temos aulas, que é chamado “componente lectiva”. O segundo ano é dedicado exclusivamente ao trabalho final, que pode ser feito em três formatos**: dissertação, estágio acadêmico ou projeto para ingressar num doutorado.
No fim do primeiro ano, recebemos um certificado de pós-graduação. O aluno que assim o quiser, pode ficar só com esse diploma e não dar continuidade ao curso. Vale registrar que nesse caso a pessoa não recebe o grau de mestre.
**  No caso de estudantes brasileiros, a dissertação é o único formato que o MEC aceita para validar o curso no Brasil. 

12 janeiro, 2012

Sabedoria de mãe

Manoela estava contando para uma paciente ao meu lado que, em sua casa, quem cozinha é ela. O filho, com 21 anos, no máximo frita bifes. Nem ao talho (açougue) ela o deixa ir, porque “comprar carne é uma coisa muito séria”, enfatizou.

A senhora que recebia massagem e escutava, no alto dos seus 60 e poucos anos, contestou:

“Tem que deixar o menino aprender, Manoela. Mesmo que faça errado, tem que deixar ele fazer as coisas sozinho. Sabe Deus que tipo de mulher ele vai arranjar. Hoje em dia é preciso estar preparado para tudo”.

Eu ri.

06 janeiro, 2012

A universidade dos pés descalços

Hoje, a Jú Mantovani compartilhou esse vídeo comigo, sobre uma universidade na Índia onde só podem ser professores pessoas sem formação universitária. É uma faculdade para pessoas pobres, que ensina o que é importante para o desenvolvimento local, partindo das necessidades da realidade deles como cenário principal.


Esse vídeo me lembrou uma conversa que ouvi alguns meses atrás, num restaurante. Estavam quatro senhores numa mesa e um deles disse:
Daqui alguns anos, quando precisarmos de um eletricista, não vamos encontrar porque só vai existir doutores*.
Outro respondeu:
- Pois! E a culpa é nossa porque fomos nós que obrigamos os nossos filhos e netos a andarem pela faculdade.

Silenciosamente, eu concordei porque leva ao tema do vídeo e a um questionamento que eu já tinha levantado aqui antes: formação demais pode ser frustrante.

A definição que a universidade dos pés descalços dá para profissional é a melhor: “é alguém que tem uma combinação de competências, confiança e crença” e, para exemplificar, mostra pessoas analfabetas que constroem centrais de energia solar em aldeias na Índia, África e Oriente Médio. Eles não sabem assinar o próprio nome, mas isso não os impede de transformar a realidade de centenas de famílias.

É ou não é para nos fazer pensar?

* Em Portugal, toda pessoa com formação superior pode ser tratada como doutor (a). 

05 janeiro, 2012

Bem-vindo, 2012!

Eu falei mais de uma vez ao longo de 2011 o quanto sou grata por tantos acontecimentos felizes que a vida tem me presenteado. Ao montar a retrospectiva, essa sensação só aumentou. Mesmo os imprevistos foram encarados como empurrões para passos que, sozinhos, Marido e eu talvez demorássemos mais tempo para dar.

Gratidão, palavra que resume tudo. Pela saúde, pela família, pelos amigos, pelo amor, pela cumplicidade, pelo trabalho, pelas viagens, pelas descobertas e por estar de peito aberto para viver o momento presente.

Outra definição para 2011? O ano que a família atravessou o Atlântico para nos visitar. Porque viver na Europa é uma maravilha, mas poder compartilhar isso com aqueles que amamos é simplesmente indescritível.

Aprendizado número 1 do ano: nessa vida, nós não temos controle sobre absolutamente nada. NADA. Tem uma frase que anda circulando pela internet que diz: “quando eu penso que sei todas as respostas, Deus muda todas as perguntas”. A gente pode – e deve, claro – planejar o dia-a-dia, mas ter flexibilidade para lidar com as mudanças no meio do caminho é questão de sobrevivência.

Aprendizado número 2: cuidado com o que se pede ao Universo porque ele dá. E geralmente, pelo menos comigo, a ordem de prioridades Dele é completamente diferente da minha. Portanto, se pedir algo, esteja preparado para receber, inclusive, muito antes do planejado ou quando achar que ele se esqueceu.

Enquanto eu montava a retrospectiva só pensava em como cabem coisas boas no espaço de um ano. Ruins também, é claro. Os maus momentos só não foram fotografados, mas não significa que não foram vividos. Pelo contrário... por causa deles que aqueles verdadeiramente bons, por menores que fossem, foram ainda mais valorizados.

Divido com vocês quatro minutos dos meus bons momentos de 2011.

Que 2012 seja especial.