Antes de conhecer Tenerife, minhas experiências com ilhas se resumiam à Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e Morro de São Paulo, na Bahia. Dois lugares que, para mim, são pequenos paraísos na Terra. Nas duas chega-se de barco e em nenhuma delas há carros. Tudo é feito a pé, com burro, carrinho de mão ou, no máximo, de barco. Para chegar a algumas praias é preciso fazer trilhas e a arquitetura tem um ar rústico.
Como eu ficaria na casa de amigos que vivem lá, confesso que não pesquisei quase nada antes da viagem, só a previsão do tempo. A máxima em Lisboa era de 8 graus naquela semana, enquanto na ilha estava entre 14º e 24º, com sol e praia, em pleno inverno europeu. Era só isso que eu precisava saber.
Daí qual não foi a minha surpresa ao chegar lá e me deparar com DOIS aeroportos, prédios de 20 andares e rodovias – DUAS! – que atravessam a ilha de norte a sul. A tia wiki diz que a sua população é de 886 mil habitantes, mas nossos amigos disseram que com os turistas, o número de pessoas na ilha chega perto dos 2 milhões. Oi? Numa ilha? Não é muito?
Todo aquele concreto e sinais de urbanização próximos aos cantinhos mais naturais da ilha me causaram uma baita má impressão. O pior não era nem os bairros já ocupados pelos moradores locais, mas o sem número de condomínios fechados novos em folha praticamente vazios e outros tantos em fase de construção nos lugares mais improváveis, nitidamente feitos para estrangeiros comprarem.
A falta de um sistema de transporte mais eficiente também me entristeceu. Todo mundo na ilha usa carro, nós mesmo não fugimos à regra. Admito que facilitou a nossa vida, chegamos aos lugares mais remotos e não ficamos dependentes de horários e rotas limitadas. Mas, poxa, a Espanha está cheia de bons exemplos de transporte. Por que não usar como modelo, ne?
As auto-estradas mais retas e planas eu não censuro. Marido e eu nos aventuramos pelas estradas antigas, feitas seguindo o contorno das montanhas e devo dizer que foi uma aventura. Tem que ser bem macho para conduzir ali, há pedras pelo caminho, subidas super inclinadas, curvas de 180º, sem contar os barrancos.
O sul só não foi uma grande decepção porque nossos amigos já nos tinham dito que era bem turístico. Eu só não imaginava que era tanto. Praias artificiais de areias claras, marinas, parques temáticos e resorts, absolutamente tudo escrito em inglês ou alemão e todo tipo de opção gastronômica, MENOS espanhola. O que quebra um pouco toda a superficialidade são as montanhas imponentes e o marzão azul, de água transparente. Pelo menos isso ainda continua intacto.
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