Daí eu comecei a associar com vários textos que li sobre o quanto o Brasil anda caro, sobretudo São Paulo. A Super Interessante publicou tempos atrás uma matéria sobre porque tudo custa mais caro no Brasil (leia aqui). A Adriana Setti já relatou a experiência dela quando esteve de férias na terrinha (leia aqui) e tem esse outro texto, da Lucy, que além dos preços altos também fala sobre um determinado bairro de São Paulo, povoado por gente que acha chique andar de metrô em Paris – um dos mais fedidos e mais velhos do mundo –, mas boicota a criação de uma nova estação em São Paulo, porque vai atrair gente diferenciada para perto de suas casas.
Na minha última viagem ao Brasil, em 2010, fiquei impressionada com o preço das coisas. Quaisquer dois salgados e duas bebidas em qualquer lugar que Marido e eu fôssemos custava pelo menos 20 reais. Por duas coxinhas e dois sucos naturais, gente. Muitas coisas, mesmo convertendo para euro estavam um absurdo de caro.
Não é à toa que amigos quando vem para Europa perdem o respeito pelo cartão de crédito. A minha irmã mesmo, que está bem longe de ser uma consumista, fez a festa em lojas de produtos de beleza. Ela convertia e se divertia.
A gota d’água de todo esse raciocínio veio com os anúncios de que o Cirque du Soleil vai se apresentar em Lisboa e em São Paulo. O detalhe é que os preços dos ingressos são incrivelmente mais caros no Brasil. Enquanto em Lisboa, os preços vão de 35 a 65 euros, no Brasil vão de 140 a 360 reais (sem contar a área VIP, que aí eleva o valor para quase R$ 600). Convertendo, o lugar mais caro aqui equivale ao mais barato de todos em São Paulo. Eu já tinha feito exatamente a mesma comparação em 2008 aqui no blog.
Para vocês terem uma ideia de como aqui não há uma alucinação por tudo o que vem de fora, em 2009, o show deles foi montado num lugar onde só chegava de carro – enquanto nos anos anteriores e posteriores o acesso era de metrô. O resultado foi uma venda tão, mas tão baixa, que uma semana depois da estreia, os ingressos começaram a ser vendidos pela metade do preço, para atrair público.
O mais curioso, para mim, é que no Brasil os ingressos ainda estão na pré-venda e já tem setores esgotados ao passo que aqui, se eu resolver comprar a entrada horas antes do espetáculo, nem pego fila. Bizarro, não é?
Eu só me pergunto: como pode? E a conclusão não pode ser mais triste: enquanto houver quem pague, não haverá razão para tornar o preço dos ingressos mais justo.
4 comentários:
Ciao Kelli,
Há dois anos quando o U2 veio a Milão tinha gente vendendo dois ingressos para o show em frente ao estádio por € 70.
Não precisa dizer mais nada né?
bjs
Kelli, aquela história sobre o metrô do Higienópolis foi pura mistificação. Há duas semanas o metrô mostrou o que pretendia: trocou duas estações de baixo movimento por uma de que atendia mais passageiros a duzentos metros da estação de que reclamaram. Tudo não serviu para a mais pura bravata pobrista que acha que meia dúzia que dizem bobagens em um bairro representam um pensamento único de todos os moradores. Engraçado é que ninguém fez tanto alarde quando surgiu a resposta do metrô:
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/06/17/metro-define-local-de-estacao-polemica-em-higienopolis.jhtm
Beijos!
Oi, Dhalsin! Não sabia que vc lia o blog! :)
Eu sei que generalizar causa problemas. isso pode ter sido uma ação do metro para "economizar" dinheiro, mas a estratégia para anuncia-la foi um fiasco... Depois de feita a m&rd@ fica difícil remediar mesmo, pelo menos no senso comum.
Bjos!
Não vejo porque tenha sido um fiasco. A verdade é que não afetou em nada o planejamento de construção dessa linha do metrô que deve levar ainda uns três ou quatro anos para começar. E te digo: ainda vai haver muito mais mudanças. O pior foi um monte de filhinhos de papai, falando em nome de gente pobre, atacando os "ricos" de higienópolis, como se lá só morasse a alta sociedade paulistana. A falha foi destes sim, porque se esquivaram de pensar para destilar ódio de classe.
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