13 março, 2011

Geração à rasca

No dia 12 de março mais de 200 mil jovens da chamada “geração à rasca” ocuparam a principal avenida de Lisboa para protestar contra a atual situação do mercado de trabalho. Eles são aqueles que continuam vivendo na casa dos pais e, quando encontram um trabalho, o salário é de 500 euros por mês, sem registro em carteira (que eles chamam de contrato) ou qualquer benefício.

Por mais que o custo de vida na Europa seja menor que no Brasil porque muitos serviços públicos realmente funcionam, ainda que com ressalvas – educação, saúde e transporte são alguns deles – não deixa de ser triste pensar que depois de quase 20 anos estudando, você trabalhará por um salário mínimo.

Eu convivo com portugueses da minha idade que nunca estagiaram! Vocês tem noção? Ao passo que eu já carregava oito anos de experiência em Comunicação antes de me mudar para cá. É surreal. Não é por acaso que uma das músicas mais tocada no último mês é uma que diz:

“que mundo tão parvo que para ser escravo é preciso estudar”. 


Todo esse movimento me lembrou a experiência de vida que tive no Canadá, onde todas as profissões são respeitadas e bem remuneradas. Mesmo em Portugal vendedoras, balconistas, cozinheiros, jardineiros, carpinteiros e telefonistas não ficam sem emprego.

No fim, essa história de ter que crescer, estudar, fazer faculdade, pós-graduação e o c#r@lh% a quatro pode ser muito frustrante. Educação para todos não é distribuir diplomas em série, nem despejar a cada ano centenas de novos profissionais num mercado de trabalho que não tem capacidade de absorvê-los. Pelo menos não no meu modo de ver o mundo.

2 comentários:

Eduardo disse...

Nem fala... O pior é que esse tipo de coisa pode ser o futuro no Brasil. Com a quantidade de cursos superiores de baixa qualidade, em algum momento vai haver gente sobrando.

ERICA RITACCO disse...

Kelli,

€500 é fogo heim? No geral o salário oferecido pelas empresas por aqui para um trabalhador normal varia de €1000 a €1500 e para mim isso já é um absurdo, já que as pessoas vivem a vida inteira por aqui. Digamos que é compreensível que eles não se sintam muito estimulados por estudar, já que será um diploma que não servirà muito. Tenho diversos amigos italianos que são formados e que não têm o menor interesse de atuar na área ou ganhar mais. Hoje um deles virou para mim e disse: "ao invés de fazer hora extra eu prefiro viver"

bacione