Se tem uma coisa que a gente aprende – nem que seja na marra – quando resolve viver fora é: lidar com despedidas constantemente. No Canadá, lá nos idos de 2005, teve um tempo que eu comecei a achar que o universo estava tirando sarro da minha cara: era só eu fazer uma nova amizade, para dali algumas semanas o meu novo amigo deixar a Terra do Gelo.
O ciclo se repetiu uma vez atrás da outra até que eu descobri o remédio para lidar com o “vazio” que ficava a cada tchau: a intensidade. Já dizem por aí que a vida é curta demais pra gente ficar esperando pelo “momento perfeito”. Pois então... a vida de quem está fazendo intercâmbio é mais curta ainda, porque a viagem tem data para acabar.
Então, a cada nova amizade, eu aproveitava tudo o que podia, comprimia meses em semanas e quando chegava o dia do “até já”, parecia que já nos conhecíamos há anos. No meu caso, a intensidade foi tanta que muitas dessas amizades eu preservo até hoje e já tive a imensa alegria de rever muitos desses amigos feitos no Canadá em algum momento nos últimos sete anos.
Em Lisboa não foi diferente. Vivendo ali por quatro anos, Marido e eu cansamos de nos despedir de amigos que vinham e iam. Já estávamos tão acostumados a dar tchau o tempo todo, que nem pensávamos que um dia chegaria a nossa vez. E chegou. E doeu. Doeu porque já nos sentíamos locais, já conhecíamos as paisagens, os cheiros, os sabores e, por mais que estivéssemos super entusiasmados com tudo de novo que estava por vir, sempre batia uma vontade de ficar só mais um pouquinho.
De tudo isso, o maior aprendizado que eu tive foi trocar a pergunta: “Por que nos conhecemos SÓ agora?” pela exclamação: “Que BOM que nos conhecemos!”. Sem contar que o mundo dá tantas, mas tantas voltas que a promessa de um reencontro pode ser inesperadamente cumprida bem antes do que se imagina.
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