Tromso fica no norte da Noruega,
no meio do Pólo Norte, bem mais pra cima da Lapônia, a terra do Papai Noel. Quando
comentei com um conhecido noruego que planejava ir para essa região em pleno
inverno ele respondeu: “ninguém vai para lá”. Bem... nós fomos =) Junto com os Vascos, a Nat, a Filipa, a Catarina e o João.
Mas verdade seja dita: em quatro
dias, encontramos poucas pessoas locais para interagir. O dono da cabana que
alugamos foi uma. Teve os dois funcionários da balsa que pegávamos todos os dias, o senhor
do café com wifi justo ao lado do porto onde esperávamos a balsa – e que
consultava a previsão de auroras para nós –, o rapaz do posto de gasolina de
uma cidadezinha onde tivemos que almoçar, porque os restaurantes só abriam
durante o verão.
E só. Além desses, víamos um ou
outro [maluco] correndo, levando o cão para passear pela estrada ou arrastando
crianças em trenós, ignorando solenemente os muito centímetros de neve no chão.
Aliás, já no avião uma publicidade
na revista da Norwegian nos mostrou que eles também ignoram as auroras boreais.
Ter o céu dançando sobre a cabeça é tão normal, que a menininha lê
tranquilamente.
Nós chegamos a Tromso por volta
das 21h30. Tarde da noite para aqueles lados no pico do inverno. Por isso, passamos
a primeira noite num hotel ali no centro da cidade mesmo. Tudo já estava
fechado. Nada de auroras. Tivemos a sorte de conhecer um rapaz dali da região,
que sugeriu uma road-trip de um dia que nos rendeu fotos lindas, dignas de
protetor de tela do windows.
Catedral de Tromso |
Primeiro dia. Paisagem linda.
Friozinho suportável. Algo entre zero e menos cinco. Vale lembrar: sapatos e
casaco apropriados para baixas temperaturas.
As compras no supermercado para três dias custaram, por pessoa, o mesmo valor que uma bebida no bar do hotel ou um lanche no aeroporto.
Será que estávamos felizes?
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As compras no supermercado para três dias custaram, por pessoa, o mesmo valor que uma bebida no bar do hotel ou um lanche no aeroporto.
A Cabana Mágica |
Algumas constatações: dois banheiros compartilhados,
no lugar das quatro suítes que prometia o anuncio. O ofurô também não
funcionava. Foi estragado por uns holandeses, disseram.
Nosso quarto: menor que o esperado |
Vistas que compensam |
Depois do jantar, a expectativa. Foram muitos entra-e-sai na
cabana, seguidos de incontáveis tira-e-coloca botas, casacos, luvas, gorro e
cachecol. Primeiro uma faixa branca no céu. Será a via láctea? Não, não podia
ser. Nosso amigo físico e astrônomo já tinha nos dito: Naquela época do ano o norte do planeta estava virado para o exterior da galaxia e não para o centro (que é onde está a via láctea).
Depois, algo de verde, mas tão claro, que a cor só era bem captada nas fotos de larga exposição. Quase frustrante. Não tínhamos voado até ali para vê-las através da câmera.
Foi quando quase todos estavam no
quentinho da cabana que aconteceu. O Vasco fumava e a Nat gritava. Ninguém
ouviu. Coisas de primeiro mundo: as janelas isolam o frio e o ruído. Então ela
começou a bater no vidro, fazendo movimentos ondulares com o corpo.
Está a dar auroras! Elas estão a
dançar!
Corremos todos. Uns sem gorro,
outros sem jaqueta e teve até quem se atreveu a sair sem sapatos. Voltou atrás
logo em seguida.
Impossível tirar os olhos do céu |
A mesma cena se repetiu nas duas
noites seguintes. Com variações de cores em tons de azul, verde e roxo. E
também variações de movimentos, ora ondulares, ora como respingos, ora como
cometas.
Não por acaso a nossa cabana foi
batizada como Cabana Mágica.
A janela da esquerda era o nosso quarto =) Lá do outro lado, as luzes de Tromso |
Ainda hoje, se eu fecho os olhos e penso nessa viagem,
vejo perfeitamente aquele céu e elas ali, dançando. É exatamente como aparece
nos vídeos que a Nasa divulga. E chega a ser inacreditável que isso não passa
de um fenômeno físico. Como somos pequenos diante da grandeza da natureza, não
é?
Dá para entender porque Les Vont
Train e Björk são como são. Com um céu
daqueles como inspiração não era para menos... #suspiros
Terminamos essa viagem com uma
promessa: voltar os oito – que agora já virou dez! – para a mesma cabana ou quem sabe ir para a Islândia. Dessa vez no verão, para ver o sol da meia-noite,
glaciares e os fiordes que vimos cobertos de neve, verdinhos. No verão de 2013
não foi, quem sabe em 2014... :)
Coisas práticas:
A Cabana Mágica fica em Finnkroken, na ilha Reinoy,
a uns 70 de Tromso de carro. De barco a distância é bem menor, mas os horários eram um pouco limitantes. Por isso, optamos por alugar dois carros para nos deslocar. Mesmo com os gastos
com combustível, pedágios e balsas, gastamos menos do que se tivéssemos nos
hospedado em um hotel em Tromso.
Sala de estar com uma senhora vista |
Além disso, vimos as auroras as
três noites que passamos na cabana mágica. Coisa mais difícil de acontecer
quando se hospeda em Tromso por causa da quantidade de luzes da cidade.
Os turistas que ficam ali costumam contratar excursões de “caça às auroras” para
tentar vê-las.
E que vista! |
No site Visit Tromso (em inglês) eles explicam que como se trata de
um fenômeno da natureza, não tem como garantir que as auroras serão vistas. Mas
eles também falam que indo com alguma folga de dias – mínimo quatro noites –, na
época certa – entre novembro e março (nós fomos no fim de fevereiro) –, e com as condições metereológicas favoráveis
é bem provável que elas sejam vistas pelo menos uma vez.
Para terminar esse post, um beijinho muito grande e especial para a Catarina, que foi equipada com uma super câmera, tripé e muita paciência para fotografar naquele friozão. Graças a ela temos as fotos mais lindas da trip.
Serviços:
João, a neve e muita cautela |
Cabana Mágica: Nº 6: http://www.finnkroken.no/public.aspx?pageid=93127&plId=82315
Carro: Avis. Nota muito importante: já dirigiu na neve alguma vez, certo?
Câmbio:
Quando
fomos (fev/2012): 100 coroas norueguesas (NOK ) =
7,50 €.
Na
cotação de hoje (nov/2013): 100 NOK = 12 € = cerca de R$ 36.